Quem é que se lembra disto?...

 Olha o que eu fui descobrir!...

Fernanda Leitão que foi Directora do "Templário",

um jornal publicado na época do "prec"

onde fomos encontrar este "mimo", o que mostra 

a sua Coragem naquela terrível e triste época...

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Com o título "O Zé e a Noite", fomos encontrar esta "anedota":

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"O fado é fachista, o Camões é fachista, o Torga é fachista, o Pessoa é fachista, o folclore é fachista, as bandas são fachitas, os locutores são fachistas, os actores são fachistas, o público é fachista, a ideia é faschista... reza o comuna.

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E a Fernanda Leitão assina o texto seguinte que aqui deixo:

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"E esta? Quando é que é dia? E quando é que cabemos todos em céu aberto?

Sinto-me, de repente, muito pequena diante do mundo e da vida. E se fosse de me dar confiança, daqui a nada estava a chorar. Assim, não. Enfio as mãos nos bolsos e ponho-me a dizer, de António Gedeão, DEZ REIS DE ESPERANÇA:

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"Se não fosse esta certeza

que não sei donde me vem,

não comia, nem bebia,

nem falava com ninguém.

Acocorava-me a um canto, 

no mais escuro que houvesse, 

punha os joelhos à boca

e viesse o que viesse

Não fossem os olhos grandes

do ingénuo adolescente,

a chuva das penas brancas

a cair impertinente,

aquele incógnito rosto, 

pintado em tons de aguarela, 

que sonha no frio encosto

da vidraça da janela,

não fosse a imensa piedade

dos homens que não cresceram

que ouviram, viram, ouviram,

viram, e não perceberam,

essas máscaras selectas,

antologia do espanto, 

flores sem caule, flutuando,

no pranto do desencanto,

se não fosse a fome e a sede

dessa humanidade exangue, 

roía as unhas e os dedos

até os fazer em sangue."

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E estou. E vou. E teimo. E reteimo. Quero Pão, Paz, Liberdade e Independência Nacional. Ora experimentem lá tirar-me desta...

Fernanda Leitão

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NB: Fernanda Leitão faleceu em 14.01.2017.

Os templários não morrem. Afastam-se.
Na passada quarta-feira, no Hospital Toronto Western, a Fernanda afastou-se em paz, depois de 80 anos ricos de vida. Escrevia-nos as suas cartas e bilhetes do Canadá, com a sabedoria de quem passou por tanto e no seu jeito de quem está de bem com a vida. Foi jornalista e lutou contra a ditadura, antes e depois da revolução, primeiro na France Press, depois no jornal O Templário, do qual foi proprietária até ir para o Canadá. Pessoas como a Fernanda deixam verdadeiros vazios quando se vão. Descanse, Fernanda, teve uma vida admirável.

(in."Google")