Olha a graça...

...que o teu instinto pede.

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Num poema a que Miguel Torga

deu o nome de 

"Perenidade"

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Miguel Torga

Perenidade...

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Nada no mundo se repete.

Nenhuma hora é igual à que passou.

Cada fruto que vem cria e promete

Uma doçura que ninguém provou

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Mas a vida deseja

Em cada recomeço o mesmo fim.

E a borboleta, mal desperta, adeja

Pelas ruas floridas do jardim.

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Homem novo que vens, olha a beleza!

Olha a graça que o teu instinto pede.

Tira da natureza

O luxo eterno que ela te concede-

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Miguel Torga

in "Poesia completa I"

Círculo de Leitores - 2002