...um poema da autoria de
Almeida Garrett.
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J.B. Almeida Garrett
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As minhas asas
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Eu tinha umas asas brancas,
Asas que um anjo me deu,
Que, em me eu cansando da Terra,
Batia-as, voava ao céu
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- Eram brancas, brancas, brancas,
Como as do anjo que mas deu:
Eu inocente com elas,
Por isso voava ao céu.
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Veio a cobiça da Terra,
Vinha para me tentar;
Por seus montes de tesouros
Minhas asas não quis dar.
- veio a ambição, coas grandezas,
Vinham para mas cortar,
Davam-me poder e glória;
Por nenhum preço as quis dar.
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Porque as minhas asas brancas,
Asas que um anjo me deu,
Em me eu cansando da Terra,
Batia-as, voava ao céu.
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Mas uma noite sem Lua
Que eu contemplava as estrelas,
E já suspenso da Terra
Ia voar para elas ,
- Deixei descair os olhos
Do céu alto e das estrelas...
Vi, entre a névoa da Terra,
Outra luz mais bela que elas.
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E as minhas asas brancas,
Asas que um anjo me deu,
Para a terra me pesavam,
Já não se erguiam ao céu.
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Cegou-me essa luz funesta
De enfeitiçados amores...
Fatal amor, negra hora
Foi aquela hora de dores!
- Tudo perdi nessa hora
Que provei nos seus amores
O doce fel do deleite,
O acre prazer das dores..
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E as minhas asas brancas,
Asas que um anjo me deu,
Pena a pena me caíram...
Nunca mais voei ao céu.
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Almeida Garrett.
!799-1854
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