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28 maio 2013

Os palhaços...

… e os filhos da p…
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É este o título de uma “crónica” editada esta manhã, no “Público”,
da autoria do Dr. Santana-Maia Leonardo, um “setubalense do coração” nascido em Outubro de 1958, num dia feriado…que já não existe.
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 Dr.Santana-Maia Leonardo 

É sempre com enorme gosto que leio as suas “mensagens” no nosso jornal.
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 O Dr.(Amilcar) Ramada Curto
 também é para aqui chamado...
(Abr/1886 - Out/1961)

Os palhaços e os filhos da p…

Ramada Curto foi um advogado e jornalista bastante popular do meio teatral e jornalístico lisboeta da primeira metade do século XX, tendo intervindo nalguns dos processos-crime mais célebres do seu tempo.
Uma das suas histórias judiciais que ficaram célebres teve a ver com a defesa de um arguido acusado de chamar “filho da p…” ao ofendido, expressão que, na altura, era considerada altamente ofensiva. Nas suas alegações, Ramada Curto começou por chamar a atenção do juiz  para o facto de, muitas vezes, se utilizar essa expressão em temos elogiosos (“Ganda filho da p…. é o melhor de todos”) ou carinhosos (“Dá cá um abraço, meu grande filho da p…”), tendo concluído as suas alegações da seguinte forma: “E até aposto que, neste momento, V.Exª está a pensar o seguinte: “Olhem lá do que este “filho da p…” não se havia de ter lembrado só para safar o seu cliente!...”.
Chegada a hora da sentença, o juiz vira-se para o réu e diz: “O senhor vai absolvido mas bem pode agradecer ao filho da p… do seu advogado”.
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Isto vem a propósito de recente afirmação de Miguel Sousa Tavares, que fez a capa do Jornal de Negócios, de que nós já teríamos um palhaço que se chamava Cavaco Silva. O que tu foste dizer?!... Em Portugal, os nossos políticos são todos muito susceptíveis e o povo muito reverente. Em Portugal, um político pode arruinar uma autarquia ou um país, enriquecer os amigos e a família e lançar o povo na miséria, destruir lares, famílias e vidas, que não lhe acontece nada. Mas se alguém chama “palhaço” a um político, tem logo o procurador e a polícia à perna.
Eu até compreendo que certos políticos não gostem que lhes chamem “palhaços”, porque, efectivamente, os únicos e verdadeiros palhaços nesta história não são os eleitos mas quem os elegeu. Com efeito, por muito que nos custe reconhecer, os palhaços somos nós, o povo eleitor, que, durante os últimos vinte anos, temos eleito e sido governados pelos ofendidos da história de Ramada Curto.
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Santana-Maia Leonardo
Ponte de Sor

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