Manuel Maria Carrilho
///O socialista Manuel Maria Carrilho ouviu a entrevista de José Sócrates segunda-feira à noite na RTP e acusou o primeiro-ministro de “trair o interesse nacional” para se manter no poder.
“Vivemos um momento de gravidade e de urgência e nisso são unânimes todos os economistas de todos os quadrantes políticos”.
Para o ex-embaixador da Unesco em Paris, só o primeiro-ministro não vê a situação, estando nisso “completamente isolado”. E não vê, acrescenta Carrilho, porque está a “contar uma história ao país” para “prosseguir a sua estratégia de se manter no poder”.
Analisando a linha de actuação do secretário-geral do PS nos últimos meses, o professor de Filosofia identifica aquilo que chama de “estratégia de Xerazade”, remontando à história de As Mil e Uma Noites: “Enquanto ela fosse capaz de contar uma história por noite, a sua vida não estava em risco”, explica Carrilho. Como recorda, trata-se de uma estratégia de marketing político teorizada pelo antigo conselheiro de George W. Bush, Karl Rove. “É o que Sócrates tem feito”, afirma o agora analista político.
“Sócrates já percebeu que o pedido de ajuda externa é inevitável, mas também que isso será o seu fim político”.
Sócrates “diabolizou o FMI – o inimigo externo – e quem chumbou o PEC – o inimigo interno”. “Está a contar uma história ao país em que ele é o herói. (…) Ficou à espera de um culpado e ele apareceu com o PEC IV. (…) Está muito agarrado ao poder”, salientou Carrilho.
Hoje, 06 04 2011, no "Público"
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