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28 outubro 2007

Hoje, no Público...

No “Público” hoje
JMFernandes
28.10.2007
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Respigos de um Editorial

“…já Marçal Grilo escreveria depois um livro…”Difícil é sentá-los” onde terá percebido, ao escolher para título o desabafo que captara ao falar com um professor de ensino básico, onde começam os problemas de muitas escolas.
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A leitura desse livro talvez tivesse evitado o disparate que a maioria socialista impôs esta semana, ao aprovar alterações a um já de si muito disparatado Estatuto do Aluno.
Supostamente o objectivo desse documento é dar mais instrumentos aos professores para estes imporem uma disciplina na escola e dentro da sala de aula, mas lendo o documento fica-se aterrado
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Quando as condições em que se envia um aluno para a rua durante uma aula passam a ser estabelecidas por lei, ninguém deverá surpreender-se que um dia destes actos tão banais como esse acabem nalgum tribunal e com o professor no banco dos réus.
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…e incomoda pela insensatez: se há domínio em que valem muito mais as regras não escritas, a cultura de disciplina e exigência, o bom senso e a capacidade de liderança, esse domínio é o da disciplina nas escolas. Dar ao que devia decorrer do bom senso ou da autoridade natural a forma de uma lei geral para todas as escolas e todos os professores é do domínio do surrealismo.
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Diz o ministério que se quer, desta forma, impedir que saiam muitos alunos do sistema, que as escolas percam estudantes, o que é sempre negativo. E de facto é. Mas não é menos negativo dar àqueles que faltam por sistema, que ficam a jogar à bola ou a fazer patifarias quando os colegas estão nas aulas o prémio de poderem “recuperar” através de uma prova cujos termos são muito nebulosos
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…por mais voltas que se dê à cabeça, só se encontra uma justificação plausível para esta medida: o Governo comprometeu-se com um determinado objectivo no que respeita ao abandono escolar e, estando-se muito longe da meta, o “atalho” de permitir a passagem de alunos que, mesmo não indo às aulas, “continuam” na escola pode resultar numa excelente estatística.
Se não é essa a ideia, então cabe à equipa ministerial explicar muito melhor qual o objectivo da medida.”
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Vamos esperar pela explicação?!... ou nem isso as “sumidades” serão capazes de fazer direito?...

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