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17 março 2022

Memórias escritas...

... em 29 de Abril de 2006
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Faleceu a Glicínia Quartim

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“A actriz que marca o teatro português das últimas décadas morreu anteontem, dia 27 de Abril, em sua casa em Campo de Ourique. Não se considerava uma pessoa excepcional e em jovem estranhava o seu rosto, que não correspondia aos padrões da época.”

Glicínia Quartin 

(19.12.1924/27.04.2006)
        Conheci o seu rosto, ainda jovem, nos corredores da Faculdade de Ciências, à Politécnica, quando em 1953/54 para ali fui estudar Biologia. Não mostrava na altura que teria mais dez anos do que eu mas era já uma mulher feita e portadora de um rosto incomum que num momento nos parecia ser de uma fealdade irrecuperável e, no momento seguinte de uma beleza estranha mas atraente… Era uma mulher que nos perturbava o pensamento… Foi minha colega nas aulas de Matemáticas Gerais, do Peter Brawmann, e numa qualquer outra cadeira, creio que talvez a Química Orgânica leccionada pelo Prof. Kurt Jakobson. Era também assídua frequentadora da Associação de Estudantes que funcionava como a segunda casa para muitos de nós…

            Creio que se teria licenciado uns tempos depois já que fiquei, na altura, com a ideia que era "por desporto" que ela frequentava aquela Escola… Se calhar engano meu…

       Anos mais tarde tornou-se uma Senhora do Teatro e, se bem me lembro, interpretou, quando eu estava no Porto a terminar o Curso, no Ano do Delgado ou no ano anterior, em conjunto com a Dalila Rocha, uma peça no Teatro Sá da Bandeira, integrada no Teatro Experimental do Porto (TEP) dirigida ainda pelo António Pedro.

        Conheci duas Glicínias. A Quartim e a Maia. Ambas licenciadas em Biologia. Colega de uma e professor de outra.

Ambas mortas… 
Tenho saudades dos tempos em que convivi com cada uma delas!

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