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13 janeiro 2021

Creio que o texto foi publicado...

...no início do ano de 2008, no Público.
Talvez no dia 4 de Janeiro.
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O seu autor, Carlos Fiolhais,
ilustre Professor das Físicas,
na Universidade de Coimbra.
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Prof. Carlos Fiolhais
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O “espaço” ocupado hoje pelo Professor Carlos Fiolhais, no meu jornal, é mais uma vez digno de ser lido de ponta a ponta…
Deixo apenas alguns apontamentos “em destaque”… mas convinha que o lessem na íntegra pois tem muito para meditar.
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Deu-lhe o título de “O monstro da 5 de Outubro”.
Não!... Não!... o “monstro” (*) a que o Professor se refere… não é propriamente o mesmo em que o meu leitor estará a pensar… Carlos Fiolhais é um Homem inteligente e educado. Seria incapaz de tal vileza…
Como sub-título, provavelmente da responsabilidade do jornal, aparece o seguinte: 
Seria trágico se um processo que pretende assegurar a qualidade acabasse afinal com ela.”
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“A palavra "monstro" para designar o Ministério da Educação é muito anterior ao mandato dos actuais ocupantes da 5 de Outubro.”
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“Os professores, que, na sua esmagadora maioria, marcharam em protesto em dois fins-de-semana sucessivos (num com e no outro sem sindicatos) pelas ruas de Lisboa, vieram dizer uma coisa muito simples: querem ensinar sem o monstruoso sufoco de que são vítimas. De facto, ensinar é o que sabem e gostam de fazer e é, aliás, o que é preciso que eles façam. O ministério devia querer isso deles, mas a palavra parece banida do seu vocabulário. Se ele quisesse ensino, então precisaria mesmo deles, pois não há, obviamente, ensino sem professores.”
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“Entre os professores, os melhores são os mais precisos. Para o seu apuramento é mister um processo de destrinça e de recompensa. Quero crer que a maioria dos docentes aceita um método de avaliação sério e competente, mas esse método terá pouco a ver com o caos que, burocraticamente, o monstro está a instalar nas escolas.”
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“Por outro lado, parece-me claro que os sindicatos não querem avaliação nenhuma, quanto mais não seja porque muitos dos seus dirigentes já não ensinam há muito tempo, e ficariam decerto chumbados se a qualidade do ensino fosse o factor decisivo na avaliação. O Governo tem todo o direito de combater os sindicatos. Mas já não tem o direito de confundir os sindicatos com os professores e de agredir indiscriminadamente os segundos descarregando a sua raiva aos primeiros. Governo e sindicatos são dois monstros em luta pelo poder e nem professores nem alunos deviam ser vítimas dessa luta.”
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“Muitos dos melhores professores, para preservar a sua saúde mental, estão a abandonar a profissão, com manifesto prejuízo da qualidade do ensino público. O ministério, ao deixar que os melhores se afastem, comete um erro que irá custar caro a todos nós.”
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“ De realçar que, ao arrepio de falsas divisões que foram cultivadas, os pais confiam nos professores e estão com eles. A Associação de Pais do D. Maria foi bastante clara: "Não queremos que esta escola perca a qualidade que tem".
Seria trágico se um processo que pretende assegurar a qualidade acabasse afinal com ela.
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São palavras sábias de um Professor universitário.
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NB: 
(*) Ocupava então a Pasta da Educação, a ministra Maria de Lurdes Rodrigues.

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