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21 março 2019

No jornal i...

saído ontem de manhã, li um artigo que me agradou.
Da autoria do jornalista 
Eduardo Oliveira e Silva
na sua coluna "Rédea solta"
escreveu sobre dois Heróis 
que se mostraram no pos-25 de Abril.
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Eduardo Oliveira e Silva
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Um dos Heróis chama-se
António Gonçalves Ribeiro.
O outro dava pelo nome de 
José Correia da Cunha.
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Diz o jornalista, em título:
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"Exemplos que não devemos esquecer:
Há pessoas que temos de citar como exemplos raros: 
António Gonçalves Ribeiro e José Correia da Cunha são dois casos.
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1. No Portugal de hoje, onde se vê tanta coisa indigna e tanta tramoia, temos, ainda, razões para ir buscar ao passado recente pessoas de qualidade que deixaram obra, que foram exemplares e de quem devemos orgulhar-nos.
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Sem procurar datas redondas, refiram-se duas personalidades pelo
papel histórico e cívico que tiveram em momentos difíceis da nossa história, nos primórdios da democracia. Trata--se do general Gonçalves Ribeiro e do engº José Correia da Cunha, desaparecido em 2017.
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Gonçalves Ribeiro foi o homem que, numa situação desesperada, com
milhares e milhares de portugueses retidos em Angola, de onde queriam sair, conseguiu praticamente sozinho desenvolver os contactos que levaram ao estabelecimento de uma ponte aérea que permitiu a vinda ou regresso de muitos milhares de compatriotas àquilo que então ainda se chamava Metrópole.
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Foi
dificílimo montar aquela ponte aérea, que é por muitos considerada a maior de sempre. Foram acima de 900 voos de companhias aéreas diferentes que transportaram mais de 200 mil pessoas desesperadas, adoentadas, esfomeadas e esfarrapadas, para citar um relato de quem viveu aqueles momentos, como o jornalista Jaime Marques de Almeida.

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Gonçalves Ribeiro, um ser humano excecional, não se conformou com frases desculpabilizantes como “fizemos tudo o que podia ser feito e é impossível fazer mais” e “não há aviões”. Afinal havia, mas não era cá. E eles apareceram, pela ação de um português militar que a todos nos honra e que contactou outros países através de embaixadas, nomeadamente a dos Estados Unidos, para montar o regresso massivo.
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José Correia da Cunha é também um herói esquecido, designadamente no continente português. A 1 de janeiro de 1980, os Açores foram sacudidos por um sismo tão violento como devastador em termos de vítimas humanas. Os danos materiais e no património cultural edificado foram gigantescos, como se pode ver pelas fotografias da época. Basta olhar para a Sé de Angra antes, depois e agora para perceber a dimensão do abalo.
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Foi Correia da Cunha quem logo ficou
incumbido de dirigir a reconstrução no arquipélago, especialmente na Terceira, em São Jorge e na Graciosa, as ilhas mais atingidas. Meteu mãos à obra e constituiu uma equipa notável no Gabinete de Apoio à Reconstrução. Tudo fez com método, com inteligência, com uma menorização dos sacrifícios e dos perigos a que ficaram sujeitas as populações.
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Se se evocam estas personalidades neste espaço é, simplesmente, para as homenagear independentemente de datas simbólicas, pois Portugal e a República precisam de exemplos que possam ser referências, enquanto servidores da causa pública.

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Que diferença fazem estas figuras que emergiram num país em caos, sem meios, sem apoios, sem CEE e muito menos União Europeia. Uma época sem uma correia solidária instantânea, como as de hoje. Tudo, porém, se fez num tempo de grande desconfiança internacional do Portugal que éramos, ainda mais cinzento, mais periférico, mais profundamente isolado e incompreendido. Um país no fim do ciclo da africanidade, aquando da ponte aérea e, na altura do sismo, com uma insularidade aterradora, miserável e desconhecida aos olhos de um mundo que hoje olha os Açores como uma das suas maravilhas.
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Nos tempos em que Gonçalves Ribeiro e Correia da Cunha atuaram em defesa dos seus concidadãos, não tínhamos quase nada além de pessoas que, como eles,
souberam enfrentar e resolver problemas terríveis e dramáticos, certamente com o proverbial desenrascanço nacional. Mas, sobretudo, com rigor técnico, probidade e responsabilidade.
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É importante que se retenham os seus exemplos de cidadania, de retidão e de seriedade, até porque dos seus atos
não há nota absolutamente nenhuma de controvérsia. Ambos com forte personalidade e impolutos, distinguiram-se pela dedicação desinteressada aos seres humanos, sem a seguir tentarem tirar proveito político, económico ou de vaidade.
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Basta olhar para os múltiplos exemplos e casos de hoje para que possamos dizer que, infelizmente, a modernidade e o progresso não foram fator de melhoria no que à solidariedade diz respeito. Há poucos Gonçalves Ribeiro e Correia da Cunha.
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in.  jornal i
20. 03. 2019
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NB - Fui descobrir uma foto do 
Gen.António Gonçalves Ribeiro 
obtida na festa dos 80 Anos do meu irmão Olímpio.
As amizades construídas na década de 40, no
Liceu de Nun'Alvares, em Castelo Branco, 
fizeram-se para durar... 

António Gonçalves Ribeiro
(Na festa de Aniversário do Olímpio)
Oleiros, em Junho de 2013

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