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31 julho 2018

O Robles...

A História de um 
revolucionário capitalista.
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É o título do Editorial
do "Jornal i"
saído esta manhã
da autoria de
Vitor Rainho.
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Vitor Raínho
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O caso do vereador do BE que comprou um prédio à Segurança Social por 347 mil euros merecia uma larga reflexão sobre a transparência na vida política.
 Ricardo Robles, até ver, não cometeu qualquer ilegalidade, mas o seu comportamento ético deixa muito a desejar, pois o vereador tem-se destacado por atacar a especulação imobiliária, cometendo ele o mesmo crime depois de ter feito obras no prédio no valor de cerca de 650 mil euros e de o ter posto à venda por quase seis milhões de euros. Tudo seria muito mais fácil e transparente se todos os vereadores, assim como os deputados da Assembleia da República, declarassem os seus negócios pessoais, permitindo dessa forma que todos soubessem o que defendem ou não na vida política. E se têm ou não interesses em matérias que legislam.

Por tudo isso, não se percebe por que razão as câmaras e outros organismos públicos não revelam publicamente todas as transações em que estão envolvidos. A Segurança Social vende um prédio a um vereador e isso não é divulgado em local público? Qual a razão de tanto secretismo? Portugal tem feito grandes progressos na área da transparência da vida de alguns agentes políticos - muito à custa de uma Procuradoria-Geral da República que não está manietada por interesses partidários -, mas ainda lhe falta percorrer vários degraus importantes. Quanto mais transparência existir, menos e melhor Estado teremos. Mas um país dominado por partidos que não permitem a revelação de quem afundou a Caixa Geral de Depósitos em nome de um assalto a outro banco ainda precisa de percorrer os tais degraus da transparência.

E
como se pode acreditar em políticos que atacam o capitalismo e depois são eles próprios os capitalistas? Como pôde Ricardo Robles atacar tanto os interesses imobiliários e depois ser ele próprio um dos interessados no dito negócio? Isto transmite confiança a alguém? E o que dizer do patético protesto de Catarina Martins e de Francisco Louçã? Tenham vergonha, Robles não cometeu nenhum crime, mas não pode fazer de revolucionário nuns dias e de capitalista noutros…

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in "Jornal i"
31.07.2018

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