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19 setembro 2013

O bastonário e as Farmácias...

A Ordem dos Médicos publicou um anúncio em alguns jornais diários que não passa de um insultoa várias entidades, Ministro da Saúde e Governo incluídos, e em especial à classe farmacêutica.
Já não é a primeira vez que o Presidente da dita ordem utiliza este “caminho” para denegrir toda uma classe que é considerada como a que melhores serviços presta em toda a União Europeia Talvez qualquer psicólogo consiga perceber a origem de tais ódios…
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O senhor bastonário
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Em título podemos ler no referido anúncio da OM:
Os doentes estão a ser enganados 
ao balcão das Farmácias
… e logo a seguir:
“Até quando o Infarmed, o Ministro da Saúde, o Governo e os Partidos Políticos da Assembleia da República vão permitir que os doentes continuem a ser enganados e esbulhados ao balcão das farmácias, apenas para aumentar o lucro dos farmacêuticos à custa dos doentes?!
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Este texto, assinado por José Manuel Silva, Bastonário da OM, é, no mínimo, nojento e “premeditadamente” enganoso, pois leva o leitor a pensar que todo o universo farmacêutico age e actua daquela maneira… Ora, o sr. Bastonário apresenta apenas um exemplo num universo de cerca de 2900 farmácias… por onde passam diariamente milhares e milhares de receitas médicas…
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Quando em 1951 frequentei o Liceu de Nun’ Álvares, foi meu professor de Filosofia um mestre saudoso que nos ensinou a Lógica e nos forneceu os meios de raciocinar melhor, para melhor compreendermos as coisas que eventualmente nos fossem surgindo… Os silogismos, as proposições universais, as proposições particulares, as proposições positivas e as negativas, as contrárias e as contraditórias… E as matérias aprendidas na altura própria passam a fazer parte de nós durante uma vida inteira.
Não sei se o Sr, José Manuel Silva “passou por aqui…mas sei que confunde “alhos com bugalhos”, uma vez que se permite generalizar a toda uma classe um acto atribuído a um único possível infractor….
Com o Dr. Manuel Duque Vieira era chumbo pela certa, senhor bastonário!
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Creio que o problema do ódio que o senhor bastonário tem pela Classe Farmacêutica e, agora também, pelo Ministro da Saúde e pelo Governo, terá saído reforçado pela legislação que eles aprovaram e que acabou com o poder discricionário que o médico tinha de impor o medicamento do Laboratório A ou do Laboratório B, e que daria “maior conforto” a quem receitava… O Senhor Ministro achou por bem “acabar com essa benesse”… o que eu acho meritório e digno de aplauso. Ou seja, o poder de bloquear as receitas foi retirado aos médicos, há já uns meses atrás e o Senhor bastonário ficou possesso…
Com grande alarde, “inventou” uma burla monumental… supostamente cometida por uma única farmácia…
E não estou a desculpar ninguém!... Se alguém foi acusado de prevaricar que se investigue e se castigue!... Agora, atirar assim cuspo para o ar… cuidado senhor José Manuel Silva pois pode cair-lhe em cima
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Já depois deste “apontamento”, chegou ao meu conhecimento um outro texto, vindo da ANF, e que tem o título: “Prescrição e dispensa de medicamentos.”
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Em período de reformas, como é o actual, há sempre quem queira fazer parte da solução e quem queira fazer parte do problema.
As farmácias querem fazer parte da solução.
Têm sofrido muito com algumas das reformas que lhes têm sido impostas.
As farmácias estão em crise.
Mas, nem por isso abrandam o seu esforço na construção de soluções que sejam boas para os doentes e para o País.
A prescrição por DCI é uma dessas reformas.
Chegou tarde, mas chegou, e os resultados são altamente positivos.
O mercado de genéricos cresce e a despesa reduz, beneficiando o Estado e os doentes.
A quota de genéricos é já de 40% e tem ainda uma larga margem de crescimento.
Para tal, tem contribuído a colaboração entre médicos e farmacêuticos, entre instituições de saúde e farmácias, na aplicação da legislação sobre a DCI.
Sem essa colaboração, o mercado de genéricos não cresceria seguramente ao mesmo ritmo e os benefícios para os doentes demorariam mais tempo a tornar-se efectivos.
Apesar destas evidências, continua a haver os sonhadores do regresso à prescrição por marca comercial.
O senhor Bastonário da Ordem dos Médicos é o chefe de fila desse grupo de resistentes, avessos à mudança.
Em desespero de causa, fez publicar hoje, sob a forma de publicidade paga, um anúncio num jornal diário dando conta que uma farmácia teria dispensado um medicamento mais caro que o prescrito pelo médico.
Como é sabido, são dispensadas por mês, em média, cinco milhões de receitas.
Assim, aquilo que o senhor Bastonário quis transformar numa grave acusação acabou por ser um elogio à qualidade da dispensa de milhões e milhões de medicamentos por mês, pelas farmácias portuguesas.
A Saúde em Portugal está numa encruzilhada difícil.
Estamos todos no mesmo barco.
E não é um barco de cruzeiro, como alguns ainda pensam.
É um barco de trabalho, que, quer queiramos quer não, tem de seguir em frente.
Numa viagem difícil que não permite sonhar, como alguns ainda sonham, com o regresso ao passado.

É importante que as farmácias, apesar das imensas dificuldades que atravessam, continuem a trabalhar, como estão a trabalhar actualmente, em benefício dos doentes e em articulação responsável com os médicos e com as instituições de saúde, em geral.

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