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21 junho 2013

Eu estou em falta...

...com o Mário Brandão!...
Este "apontamento" já devia ter saído há algum tempo
mas sei que vou ter desculpa por esta minha "falta"...
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Em 9 de Setembro de 2006, o Mário Brandão teve uma festa em família.
Era o dia em que a sua idade chegava aos 70 anos.
Rodeado por tanto sorriso, o Mário mostra ser um homem feliz.
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Ao lado da Dr.ª Adelaide Galhardo, e muito bem enquadrado pelas filhas Adelaide e Isabel e todos os netos às sua volta, o Mário, a Catarina e o Duarte, dá para perceber quanta alegria lhe passa ali por perto...
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Quando, em 1956, estávamos estudando no Porto, havia no Lar da Juc, na rua Cedofeita, um ritual que se repetia diariamente por duas vezes... À hora das refeições, na mesa existente na sala de jantar, em forma de U, era tradição sentar-se no lugar principal um dos alunos mais antigos, quase sempre um dos finalistas residentes. Um qualquer... o que chegasse primeiro ao refeitório.
Com mais de metade dos lugares ocupados, o que depressa sucedia, já que a fome apertava àquelas horas do dia, o colega que se sentava no lugar de "honra" levantava-se e todos o acompanhávamos naquele movimento. Rezava então uma oração que todos seguíamos em voz baixa... 
"Senhor, dignai-vos abençoar o pão que vamos comer..."
Só então se iniciava a "comezaina" e se ouviam muitas histórias e muitos acontecimentos ocorridos durante o dia, nas várias faculdades por que estávamos "distribuídos"...
No final da refeição, todos rezavam uma outra oração e só então abandonávamos a sala do refeitório e nos dirigíamos aos nossos aposentos, dois pisos mais acima.
Aos residentes mais novos só era permitido este "importante devaneio" aos fins de semana ou em férias... dado que os vários "ocupantes crónicos" da cadeira principal, estavam ausentes do lar da Juc por essas alturas...
Apesar de, com muita frequência, o Mário e o Zé da Paz, se ausentarem para Penafiel nos fins de semana por ser relativamente próxima a distância a percorrer na "visita semanal" à família (o que não acontecia comigo e com o meu irmão Olímpio que teríamos de "gastar" o nosso tempo todo só na viagem até Castelo Branco...), nem por isso o Mário deixava, por vezes.de estar presente nessas alturas. Uma frequência... um estudo mais aturado... impedia por vezes uma "ida à terra" para estar com os pais por alguns momentos.
Também o Mário Brandão ocupou aquela cadeira por algumas vezes... E posso imaginar este nosso Amigo a aguardar o final de uma refeição e levantar-se, acompanhado por todos nós, recolhidos, de pé e em respeitoso silêncio, a recitar a oração que ali era ouvida naqueles momentos que precediam o fim da refeição:
"Senhor!... Já que nos deste de comer sem o merecermos, dá-no o céu quando morrermos."
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Estás, com certeza, no Céu, Mário Brandão..."

2 comentários:

Anónimo disse...

Obrigada pelas suas memórias, o meu pai onde estiver há-de gostar de saber que é lembrado.

Um abraço
Adelaide

Olímpio Matos disse...

Olha, Mário Brandão, ontem lembrei-me de ti.
Completei 80 anos.E, com minha Mulher (aquela minha namorada que conheceste em 58 no Porto, no fim do meu curso)levei às minhas raizes no "interior da Beira Interior" 6 jóvens famílias de sobrinhos e afilhados, e mais os seus 12 ainda mais jóvens filhos, e o teu Amigo João José, numa singela homenagem aos meus antepassados. E foi um dia bom, alegre e em que uma amizade franca e desinteressada foi o cimento de uma convivência sã de famílias que as contingências da vida mantêm afastadas, de Setúbal a Santarém, das Caldas da Raínha ao Infantado de Loures, da Portela de Sacavém à Charneca da Caparica .
E hoje, com o dia de ontem já a pertencer ao passado,relembro os três anos da nossa vida de estudantes e os dois anos em que albergámos o meu irmão, e renovo o
meu abraço amigo. Até breve, Mário.
PS-Linda família a tua!Para todos êles, "aquele abraço".