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22 agosto 2019

Cartas ao Director...

... no jornal "Público"
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Acho extraordinário e um disparate existirem pessoas -- apelidam-se de "democratas" -- que, segundo leio no Público de ontem, se manifestam contra a criação do museu Salazar, receando que o putativo museu se torne local de romagem! (vejam só a preocupação desses "democratas"!), mas já não se opõem à criação de um "Centro Interpretativo do Estado Novo".
Essas pessoas, provavelmente lídimos e impolutos democratas não se dão conta de que é tudo uma questão de semântica. O Estado Novo não se pode dissociar da figura -- goste-se ou não -- do professor Salazar. E não se pode delir ou tentar reescrever a História. Salazar é uma figura icónica da política portuguesa como icónica foi a fadista Amália Rodrigues ou o futebolista Eusébio. Salazar foi um estadista nacionalista português, Presidente do Conselho de Ministros do governo ditatorial do Estado Novo. Ponto final. Não foi cleptocrata, mentiroso,  nem enriqueceu com a política. Saneou as contas públicas que proporcionou, à época, o crescimento económico e, consequentemente, muitas obras públicas surgiram que não será necessário estar agora a reproduzir hic et nunc, por falta de espaço -- é consultar qualquer livro de História de Portugal. Sim, o Estado Novo também teve censura, a Pide e a guerra colonial. Mas isso em nada ofusca o prestígio do professor catedrático de Economia política, Ciências das Finanças e Economia Social da Universidade de Coimbra., distinguido, também, com o título de doutor honoris causa pela Universidade de Oxford discursando, em 1941, , sobre "os valores espirituais no governo e na vida dos povos". Porque será que os democratas têm medo do nome de Salazar num regime democrático? Será porque não se preocupam nem dão grande apreço aos "valores espirituais"?
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By Amílcar C. Miguéis.
in. "Público" - 22.08.2019

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