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17 janeiro 2016

Nunca fui para a cama com a mãe dele!...

... num texto de Francisco Gouveia, cheio de humor, que corre na net.
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Francisco Gouveia e a "Mãe dele"... do Estado!...
Somos um país de boateiros. Ponto final.
Os nossos Governos são geringonças mentirosas. Ponto e vírgula;
Este Governo é caluniador. Dois pontos:
estou danado e com razão. Aliás, os danados, desde que Tarantino meteu os sacanas na Lei, têm sempre razão. E eu, como cliente deste país, especialmente da Autoridade Tributária que me fidelizou por toda a vida, tenho razão duas vezes.
Explico.

Esta minha danada indignação resulta do Governo ter ressuscitado um defunto já putrefacto, que se chama “imposto sucessório”. Considerado globalmente como um imposto sem sentido, foi abolido há anos. É agora reabilitado e requalificado como mandam as boas normas da moderna treta política. E mesmo que o Governo diga que o tal imposto só se aplica a heranças acima do milhão de Euros, a realidade é que por esta porta, agora reaberta, tanto entra o gordo como o magro. Ou seja: os herdeiros de palácios, pagam, e os herdeiros de barracos vão pagar também. E eu, como pai de filhos e filha, fico sem jeito perante eles, que nunca imaginaram ter mais um irmão. Já para não falar do olhar estupefacto e acusador da minha esposa, que nunca me julgou capaz de tal infidelidade.

Explico outra vez.

Ao cobrar o imposto sucessório (que ao cabo e ao resto é uma percentagem da herança) o Estado só o pode justificar como sendo meu herdeiro. Neste caso, meu filho. Porque só assim pode entrar na partilha dos meus parcos bens. E é perante esta calúnia que me revolto. Porque eu não sou pai do Estado, e juro por tudo o que tenho de mais sagrado, (incluindo um emblema platinado do meu clube) que nunca fui para cama com a mãe dele: a República! E digo mais: a não ser das fotos antigas, em que a senhora aparece de barrete à campino, empunhando o estandarte verde-rubro, com as tetinhas ao léu e mostrando um démodé umbigo balzaquiano, que nunca a vi em lado nenhum. E afirma agora o Governo que me meti na cama com a senhora, e que da noitada resultou um filho?

Até porque, deste infame boato, não saio só eu com problemas. A senhora também não fica bem vista. Ora vejam só com quantos portugueses é que a senhora acamou, e quantos filhos teve!

Falta de respeito, é o que é! E uma grande imaginação dos nossos governantes, que são génios em descobrir razões para nos sacar dinheiro e meter o bedelho em tudo o que na nossa vida possa ser taxado!

Dizem que o Sr. Primeiro-ministro, que até inventou a taxa de 1 Euro para quem dormir em Lisboa, anda a pensar aplicá-la somente a quem dormiu sozinho. Porque quem dormiu acompanhado vai pagar taxa agravada.

Mas tem mais: mesmo que eu tivesse ido para a cama com a República, fique o Governo a saber que havia de ir latexmente protegido, como aconselha aquele senhor de barba à poeta e óculos grossos à intelectual, que é quem manda na saúde da gente.

Era o que faltava: pai do Estado!

Vão chamar pai a outro. E ponto final.

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