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31 outubro 2022

Humor antigo...

 ...in "Cara Alegre"
de 15 de Abril de 1957
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- Vai ser formidável, quando forem abolidos os passaportes e os exércitos puderem atravessar as fronteiras dos povos vizinhos sem complicações burocráticas!

30 outubro 2022

O Eng.Barroso e ...

(Escrito em 07/08/1997)

 ... O Seminário do Fundão 

Por volta das 17h 30m, fui para o Clube dos Oficiais onde os Coronéis Miquelina, Carvalho Fernandes e Carrilho do Rosário já estavam, comentando “as contas do Bar e a falta de receitas, que era preciso inventar, e são necessárias para fazer os pagamentos aos fornecedores”. E Eng. Barroso estava também presente. E é com este que se desenvolve a conversa, toda ela, desta vez, centrada em pessoas de Castelo Branco nossas conhecidas por um ou outro motivo.

Falou-se no Dr. Vitor Santos Pinto, pai do Padre Feytor Pinto, de que o Eng. Barroso se lembrava muito bem, como Director do Instituto de Santo António, em Castelo Branco. Lá lhe recordei toda a família, dos filhos e filhas 
deste professora Manuela, o Vitor, o Pedro e a Fátima... 

A Fátima e o Pedro
No Centenário da nossa Professora 
D. Maria Amália do Jardim-Escola João de Deus
(Castelo Branco em 8 de Agosto de 2008) *
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Estão ambos nesta fotografia de 1941/42
A Fátima, na 3ªfila, é a 5ª a contar da direita,
O Pedro, na fila 2, é do meio.
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O Pedro e a Manuela
(Castelo Branco em 8 de Agosto de 2008) *
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O Padre Vítor Feytor Pinto
(em 8 e Agosto de 2008,
na Sé de Castelo Branco)
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O (*) Dr. Pedro Feytor Pinto teve um papel destacado nos dias imediatos ao "25 de Abril". Foi ele que serviu de "pombo-correio" entre os revolucionários de Abril e o Primeiro-Ministro Marcelo Caetano quando este se refugiou no Quartel da GNR, do Largo do Carmo.
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Voltemos ao Clube do Oficiais. 
Por arrastamento, falei ao Eng .António Barroso, e ele também recordava, do Dr. Manfredo Nunes Roque que morou na casa do Arco, na Praça Velha, e da D. Maria Luísa e dos filhos Júlio, Maria Luísa e Mariazinha, com quem brincávamos nos “idos de 1940” ...

Fiquei a saber, se é que não sabia já e já tinha arrumado na prateleira do esquecimento, que o Eng. Barroso foi seminarista no Seminário do Fundão... E ali teria tido como colega o Virgílio Ferreira, da Manhã Submersa, "um bom aluno em tudo, menos em Matemática."

Virgílio Ferreira
(1916-1996)
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O Eng. Barroso conta-me vários episódios passados com Virgílio Ferreira e confirma uma ideia que eu tinha ouvido em tempos ao Padre Feytor Pinto e em que este, tendo frequentado o mesmo Seminário, com dez anos de atraso em relação ao Engenheiro e ao Escritor, não reconhecia na Manhã Submersa o Seminário que ele Feytor Pinto conheceu uns anos depois... O Eng. Barroso acha que Virgílio Ferreira foi um grande “sacana” em relação a um padre do Seminário, que descreve no romance e ao qual ficou devendo a vida quando ficou enfermo com uma pneumonia... e o padre tratou de o conduzir ao Sanatório da Guarda... 

Já no Liceu de Castelo Branco, ainda no Liceu Velho, o Eng. Barroso recorda colegas do 7ºano. O Carlos Barata “King Kong”, a Dr.ª Maria da Guia, o Eduardo Salavisa que foi coronel, o “Carvão de Estila” que morreu comunista... entre outros.

Esta conversa sobre Castelo Branco surgiu a partir de uma pergunta que ele me fez sobre o Ricardo Salvador da Costa que também costuma ir ao Clube onde estávamos. Informei-o que também ele estava ligado a Castelo Branco pelo casamento com a Cristina que era sobrinha da D. Lídia Borba e do seu irmão sr. Vítor Dias Ferreira que foi gerente do Banco de Portugal, em Castelo Branco, aqui em Setúbal e no Porto. Eram ambos de Castelo Branco.

E foi o sr. Dias Ferreira, o primeiro de uma série de pessoas ligadas a Castelo Branco, que constituiu o pontapé de saída para a nossa conversa, esta tarde, no Clube dos Oficiais.
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Deixei aqui algumas fotos recordando algumas das figuras que menciono neste breve apontamento e deixo aqui também o Eng. António Barroso numa Sessão de Observação, do Núcleo de Astronomia do Liceu Nacional de Setúbal.

Eng. António Barroso
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Cor. José Alves de Carvalho Fernandes
(1916-1996)
que foi Comandante do RI 11
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29 outubro 2022

A pintura de Graça Lagrifa...

Foi Graça Lagrifa quem escreveu:
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"A jovem afegã, Najia Amiri foi fotografada por @ignaciogil21 a quem agradeço. Hoje foram as mãos e não os olhos, que mexeram comigo. Para mim, falam com a mesma força e transmitem as mesmas emoções.  "Excluídos" ganhou mais um elemento. 
Boa semana. "
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Hoje foram as mãos...

28 outubro 2022

O rouxinol do Calvário...

 ...num poema a que
Gomes Leal
deu o nome de 
"O rouxinol do Calvário"
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António Duarte Gomes Leal
( 1848-1921 )
.

O rouxinol do Calvário.
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Na noite que passou
O Cristo no Calvário,
Um rouxinol cantou 
Sobre a cruz solitário

Oa trigueiros soldados
E os lírios de Salém
Perguntavam pasmados:
- Que voz canta tão bem!

Como sentindo os males
Das suas próprias penas,
Vergavam-se no cálix,
Chorando, as açucenas.

Choravam os caminhos,
Os dados, os cilícios
A grinalda de espinhos 
E a esponja dos suplícios.

Choravam os sem luz
E os rijos peitos bravos;
Começavam na cruz
A vacilar os cravos.

Pelo tranquilo espaço
Paravam as estrelas,
E o vagaroso passo
As mudas sentinelas.

Os peitos desumanos
Pressentiam mudanças;
Deixavam os Romanos
Escorregar as lanças.

Assim cantou... cantou...
Lembrando o amor, o céu.
Quando Jesus morreu,
Do lenho, enfim, voou!...
.
de Gomes Leal
in "História de Jesus para as criancinhas lerem"

26 outubro 2022

Num passe de mágica...

 ...Hoje, dia 
26 de Outubro
no "Jornal i"
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Recortei dois excertos da coluna 
"Rédea solta"
a que o jornalista
Eduardo Oliveira e Silva
batizou com o título
"E de repente tudo muda"
.
Eduardo Oliveira e Silva
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1. Estamos na fase “soft troika”, em nome do equilíbrio das contas, com recurso a cortes e cativações. 
António Costa é assim. 
De um dia para o outro, vira o bico ao prego, ao ponto de nos fazer crer que faz o que sempre disse.

Há outro caso recentíssimo. Trata-se da súbita evolução do projeto das ligações de Portugal e Espanha à Europa para o fornecimento de gás natural e eletricidade resultante de energias renováveis.

Num passe de mágica, fala-se também em transportar, pelo equipamento de gás, hidrogénio verde (seja lá o que isso for), o que credenciados especialistas asseguram ser muito difícil de fazer dada a porosidade da tubagem. A questão é, portanto, altamente complexa, sendo verdade que havia um acordo desde 2014 que envolvia os países ibéricos, a França e a Europa que estava parado. Possivelmente, nunca iria para a frente por bloqueio de Macron em defesa da sua energia nuclear.

Mas o facto é que, de repente, António Costa mudou tudo e parece ter aceitado uma solução revolucionária que além de favorecer a Espanha, de satisfazer a França, pode prejudicar as potencialidades portuguesas, uma vez que no projeto deixa de se mencionar a interconexão para a eletricidade pelos Pirenéus que nos permitiria exportar energia oriunda de fontes renováveis. Perante um projeto tão estratégico, o primeiro-ministro nem se deu ao trabalho de acertar posições com o PSD, ao contrário do que fez na procura de uma solução para o aeroporto de Lisboa. Logo que o acordo foi firmado, na quinta-feira, a máquina de propaganda governamental cilindrou os média com a solução milagre. Até que, sábado, Paulo Rangel pôs os pés à parede e exigiu esclarecimentos.
Vem aí, portanto, um folhetim político do tipo “jamais” que nos vai custar muitos novos estudos, vastos bitaites políticos e uma espécie de versão subterrânea da obra de Santa Engrácia
Não há paciência! Não há ciência! Não há método! Não há estratégia nacional concertada! 
E, possivelmente, também não há dinheiro para nada daquilo!
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7. Na China, o congresso do partido comunista entronizou Xi Jinping
Já não é o presidente, mas o monarca do Império do Meio
O momento alto foi a evacuação escoltada e vigorosa do ex-Presidente Hu Jintao, que estava sentado ao lado de Xi. 
Nenhum dos congressistas piou, enquanto Xi assistiu impassível a uma humilhação provavelmente preparada para servir de exemplo.
Por cá, também ninguém piou. Nem os partidos da esquerda marxista, nem no vasto grupo de quadros e políticos que a China por cá agenciou
O silêncio é ouro. 
E o respeitinho é muito bonito.
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in. "Opiniões"
no "Jornal i"
em 26.10.2022

25 outubro 2022

Humor antigo...

 ... com o traço incomparável de
Don Flowers
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- Mas tu não vês que esse vestido é para mulheres magricelas que não têm a tua elegância? 
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In "Cara Alegre"
em 15 de Abril de 1957

24 outubro 2022

A morte da Princesa....

Este texto foi escrito
no dia 
31/08/1997
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Esta manhã no jornal "Público":
"Faleceu esta madrugada, no Hospital Pitié- Salpétrière em Paris, na sequência de um acidente de viação, a princesa Diana de Gales. Tinha 36 anos e era um espanto de mulher!"
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Notícia no dia 
01/09/1997
De novo no "Público"
A toda a largura da Primeira página, o Público mostra uma bonita fotografia a cores da Princesa da Inglaterra, com uma legenda simples:
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 D  i  a  n  a
 (1961-1997)
. 

        Na Segunda página, uma outra expressão maravilhosa da Princesa, agora num preto e branco, que a mostra sentada no chão, de mãos postas, envergando uns jeans, um simples camiseiro branco e com os óculos no alto da cabeça, emoldurando um rosto de expressão radiosa...

Por cima, um título a toda a largura, num destaque:

 Morreu a princesa do povo"
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Num Editorial, 
na página 3, 
Nicolau Santos
.
Nicolau Santos
.
sob o título 
Um mundo de lágrimas 
escreve o seguinte:

        “Tenho a casa cheia de lágrimas” Era assim que começava um poema homenageando Vinícius de Moraes, no dia da sua morte. Hoje, apetece dizer que temos um mundo cheio de lágrimas. A morte de Diana não deixou ninguém indiferente, no mais recôndito canto do planeta. E tudo porque a princesa, para além da sua indiscutível beleza, simpatia e simplicidade, foi também uma pessoa que soube utilizar os meios à sua disposição para se empenhar em diversas campanhas humanitárias.

     Diana tornou-se grande, muito maior que o seu ex-marido, o príncipe Carlos, e passou a ser uma cidadã do mundo. Por isso, políticos de todos os quadrantes adoravam ser fotografados ao lado de Lady Di. A princesa era hoje tão conhecida como o Papa, Bill Clinton ou Nelson Mandela e não será possível aos historiadores ignorarem no futuro a existência da antiga educadora de infância que veio a casar com o sucessor da coroa britânica. Só isso explica aliás não só as manifestações de pesar vindas de todo o mundo, como o facto de no reino Unido terem sido canceladas todas as manifestações desportivas e as televisões terem também suspenso toda a sua programação, algo só possível quando a pessoa em causa se tornou um dos símbolos a nação.

     Como atingiu Diana este estatuto? Como passou da menina envergonhada que casou com o príncipe Carlos para a mulher segura,  que abraçou causas difíceis e tomou posições públicas embaraçosas para o Governo e a Coroa britânicas? Como se tornou na mulher mais mediática do planeta? As explicações residem certamente no caminho que foi trilhando, nas acções que foi desenvolvendo, na dignidade da personagem que encarnou, mas também no “flirt” constante que havia entre ela e os operadores de câmara e os fotógrafos.

     O reverso deste namoro era a perseguição impiedosa de que era alvo por parte dos “paparazzi”, desejosos de obter um instantâneo da princesa ou, se possível, dos seus amores. Foram eles a causa involuntária da morte de Diana, juntamente com os responsáveis das revistas e jornais de “affaires” amorosos que lhes compram as fotos. Mas não os únicos. O público, no seu “voyeurismo”, no seu desejo de ver como vivem, amam e se divertem os poderosos, também é culpado desta morte. É ele que, em última instância, alimenta este jornalismo de sargeta, enquanto a imprensa séria luta com dificuldades diárias para sobreviver. Também em Portugal, quatro revistas do coração vendem um milhão de exemplares, contra menos de 400.000 de quatro diários e dois semanários. É nisto que todos devemos meditar.” 

        A jornalista Ana Ferreira Gomes, num Perfil que intitulou “De ingénua a sedutora”, escreveu a certo momento:

        “Gostava de ser a rainha do coração das pessoas. Alguém tem de se aproximar delas, amá-las e mostrar-lho”, disse Diana em 1995. E contava com um trunfo que soube usar, até mesmo manipular. Se era a mulher mais fotografada do mundo, por que razão não haveria de aproveitar o encantamento a seu favor?

     Na página 5, quatro fotografias bonitas da princesa e um texto sob o Título: “A mulher mais fotografada” que dizia: “Foi a mulher mais fotografada do mundo. Em dias normais -- disse numa entrevista -- costumava ser seguida por quatro carros e esbarrava com seis fotógrafos saltando à sua volta, ao entrar no automóvel

. Não dava passo que alguma câmara não registasse. Habilidosamente, aproveitou as vantagens que isso lhe oferecia para promover a sua imagem. Mas muitas vezes tentava esconder-se da curiosidade dos “paparazzi”. Morreu numa dessas “correrias” para fugir às câmaras indiscretas.
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Tony Blair
.
         Tony Blair, primeiro-ministro da Grã-Bretanha: “Diana era uma pessoa maravilhosa, calorosa. Embora a vida dela tenha sido frequentemente tocada pela tragédia, ela tocou a vida de tantos outros na Grã-Bretanha e no mundo inteiro com alegria e conforto.

     Quantas vezes nos recordaremos dela e de quantas formas diferentes, como os doentes, os moribundos, as crianças, os necessitados... quando mesmo só com um olhar, ou um gesto, que dizia muito mais que com palavras, ela nos revelaria a todos a profundidade da sua compaixão e a sua humanidade?

     Sinto-me hoje como todos os cidadãos deste país: completamente devastado!

     Rezei pela família da princesa Diana, especialmente pelos seus dois filhos e pelo futuro deles”.
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Jacques Chirac
        Jacques Chirac, Presidente da França: “Era uma jovem mulher dos nossos tempos, calorosa, cheia de vida e de generosidade. A sua morte trágica será profundamente lamentada, pois era uma figura familiar para todos. Nestas horas terríveis, penso na sua família e sobretudo nos seus filhos”.
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No mesmo diário "Público",
uns dias mais tarde,
em 06/09/1997
.
Surge um texto curioso:

O que abateu Raymond, o “alcoólico, de 48 anos à porta da Abadia de Westminster, foi a primeira frase. Não que a desconhecesse. Sabia-a até de cor: “Goodbye England’s rose”. Mas só no momento em que Elton John a cantou ontem, perante a maior e mais silenciosa plateia, percebeu o vazio da sua vida. Até então sentira apenas dor. “Durante estes dias, estive de luto. Agora só penso na ausência de Diana”.

     Tudo o que Raymond disse soou a patético. Afinal, não conhecia Diana de lado algum. Nem ele nem as centenas de milhares de pessoas que fizeram questão em assistir, em Londres, ao seu funeral”.

     ...os casais abraçaram-se e os rostos esconderam-se em lágrimas. E, em silêncio, ouviram a canção, com a letra adaptada de “Candle in the wind” que Elton John escreveu para Marilyn Monroe e interpretou, ao piano, na abadia.

Elton John
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     “Your candle’s burn out long before your legend ever will” (A chama da tua vela apagar-se-á muito antes da tua lenda...)   

     ...em Whitehall também não se via nada. E mais uma vez os rádios saltaram dos sacos e das mochilas, para se ouvir o surpreendente discurso que Charles Spencer fez, em directo para 2,5 mil milhões de pessoas. O irmão de Diana, que subiu ao púlpito de Westminster para a homenagear, deu uma bofetada na realeza

     Disse ele que Diana não precisou de um título (aludindo à fórmula Sua Alteza real que perdeu com o divórcio), para ter “um toque de magia”. Ou seja, que os títulos não servem para nada à família real, se não forem acompanhados por atitudes humanas e simpáticas. Diana, afirmou, era assim e assim devem ser os seus filhos.

     O irmão de Diana fez um discurso político, que foi aplaudido por todos os que assistiram ao funeral, dentro e fora do templo. Por duas vezes. Primeiro porque nas ruas estava o povo que, durante algum tempo vai ter na memória que a semana que passou não foi só a da morte de Diana. Foram também dias de crítica a uma monarquia vergada à solenidade, que o povo aconselhou a aprender a ser espontânea.

     Depois, porque a maior parte dos convidados a assistir às cerimónias na Abadia de Westminster eram amigos de Diana. Pessoas modernas como ela, entre outros, os criadores de moda Valentino e Karl Lagerfeld, os músicos Sting e George Michael, o tenor Luciano Pavarotti, que só não cantou por excesso de emoção, os actores Tom Cruise e Nicole Kidman e o patrão da Virgin. Por alguma razão já se chamou à ocasião “o funeral ‘pop’ de Diana”.

     E até parecia. Findas as cerimónias religiosas, centenas de milhares de pessoas invadiram os parques públicos de Londres. Alguns, simplesmente, não conseguiam abandonar o sítio onde, pela última vez, viram a sua princesa...  

23 outubro 2022

Adriano Moreira faleceu esta madrugada...

 ... Portugal está de luto!...
Morreu um grande Homem que nada tem a ver com os políticos actuais...
Foi Presidente do CDS
.

Prof. Adriano Moreira
(1922-2022)
.
Jurista, político e professor universitário português nascido em 1922. Assumindo cargos públicos desde jovem, tendo sido figura destacada do Estado Novo no âmbito da política colonial: foi Professor no Instituto de Estudos Ultramarinos, no Príncipe Real em Lisboa, foi ministro do Ultramar, fundou e dirigiu institutos de estudos africanos, presidiu à Sociedade de Geografia de Lisboa, entre outros cargos. Depois do 25 de Abril, tornou-se uma das personalidades de referência do Centro Democrático Social (CDS) e parlamentar respeitado. Escreveu várias obras, entre as quais um compêndio de Ciência Política (1983). Retirou-se da vida política em 1995 recebendo homenagens de várias formações. Desde essa altura, Adriano Moreira continua a dedicar-se ao ensino, à investigação e a escrever sobre a conjuntura portuguesa, política, relações internacionais e direito.
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Morreu esta manhã um HOMEM com letra grande...
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Que descanse em Paz

Vai fermosa...

 ...e não segura.
num poema a que
Francisco Rodrigues Lobo
deu o nome de
"Descalça vai para a fonte".
.

Francisco Rodrigues Lobo
(1580 - 1622)
.
Descalça vai para a fonte,
Leanor pela verdura;
Vai fermosa, e não segura.

A talha leva pedrada,
Pucarinho de feição,
Saia de cor de limão,
Beatilha soqueixada;
Cantando de madrugada,
Pisa as flores na verdura:
Vai fermosa, e não segura.

Leva na mão a rodilha,
Feita da sua toalha;
Com uma sustenta a talha,
Ergue com outra a fraldilha;
Mostra os pés por maravilha,
Que a neve deixam escura:
Vai fermosa, e não segura.

As flores, por onde passa,
Se o pé lhe acerta de pôr,
Ficam de inveja sem cor,
E de vergonha com graça;
Qualquer pegada que faça
Faz florescer a verdura:
Vai formosa, e não segura.

Não na ver o Sol lhe val,
Por não ter novo inimigo;
Mas ela corre perigo,
Se na fonte se vê tal;
Descuidada deste mal,
Se vai ver na fonte pura:
Vai fermosa, e não segura.
.
NB-
Francisco Rodrigues Lobo nasceu em Leiria em 1580 e faleceu em Lisboa em 1622. 
É um dos mais importantes discípulos de Camões e considerado o iniciador do Barroco na literatura portuguesa. Era de uma família de cristãos-novos, formou-se em Direito na Universidade de Coimbra. A nível poético, escreveu romances bucólicos, éclogas e sonetos. Em prosa escreveu a Corte na Aldeia (1619), que é uma coleção de diálogos didáticos sobre preceitos da vida na corte. Esta obra reflete a frustração da nobreza portuguesa pelo desaparecimento da corte nacional sob a dominação filipina.

22 outubro 2022

D.Tancredo...

Publicado 
em 31 de Outubro de 2012
.
Durante uma pesquisa em "coisas arquivadas" há já uns tempos, deparei com um e-mail que me foi enviado por pessoa amiga, mas cuja identificação não consigo agora reconhecer. Nem isso interessará para o caso... mas que vem a propósito, lá isso vem!...
Olhem do que se livrou a ministra Assunção Cristas, esta tarde no Parlamento... se tivesse de enfrentar o "deputado" D.
Tancredo!!
.
Vejamos então:
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Foi-me enviado em 13 de Abril de 2010
Assunto: "Poema" dirigido a Salazar - 
             "Nunca precisámos de outra coisa!".
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Meu caro jj
Por falarmos em português vernáculo, aqui vai um poema inspiradíssimo e, mais vernáculo que isto só o teu conterrâneo, salvo seja, Manuel Maria Barbosa du Bocage.
Um abraço
R.
.
...eis a receita para resolver a crise nacional.
Também é bom rir...

"Poema" dirigido a Salazar - que vale a pena ler
"Nunca precisámos de outra coisa!"
.

ESTE POEMA FOI FEITO EM 1934.
(Eu ainda nem tinha nascido..)

Para “gáudio” de todos os meus Amigos Alentejanos… e não só!
Se isto acontecesse hoje, ai que alegria para a comunicação social...
.
Conta-se que este poema foi dirigido ao Ministro da Agricultura do governo de Salazar, como forma de pedir adubos. Por mais estranho que pareça, o senhor que o escreveu não foi preso e Salazar até se fartou de rir (??!!) quando o leu:


- E X P O S I Ç Ã O –

Porque julgamos digna de registo
a nossa exposição, senhor Ministro,
erguemos até vós, humildemente,
uma toada uníssona e plangente
em que evitámos o menor deslize
e em que damos razão da nossa crise.

Senhor: Em vão, esta província inteira,
desmoita, lavra, atalha a sementeira,
suando até à fralda da camisa.
Falta a matéria orgânica precisa
na terra, que é delgada e sempre fraca!
- A matéria, em questão, chama-se caca.

Precisamos de merda, senhor Soisa!...
E nunca precisámos de outra coisa.

Se os membros desse ilustre ministério
querem tomar o nosso caso a sério,
se é nobre o sentimento que os anima,
mandem cagar-nos toda a gente em cima
dos maninhos torrões de cada herdade.
E mijem-nos, também, por caridade!

O senhor Oliveira Salazar
quando tiver vontade de cagar
venha até nós solícito, calado,
busque um terreno que estiver lavrado,
deite as calças abaixo com sossego,
ajeite o cú bem apontado ao rego,
e… como Presidente do Conselho,
queira espremer-se até ficar vermelho!

A Nação confiou-lhe os seus destinos?...
Então, comprima, aperte os intestinos;
se lhe escapar um traque, não se importe,
… quem sabe se o cheirá-lo nos dá sorte?
Quantos porão as suas esperanças
n'um traque do Ministro das Finanças?...
E quem vier aflito, sem recursos,
Já não distingue os traques dos discursos.

Não precisa falar! Tenha a certeza
que a nossa maior fonte de riqueza,
desde as grandes herdades às courelas,
provém da merda que juntarmos n'elas.

Precisamos de merda, senhor Soisa!...
E nunca precisámos de outra coisa.

Adubos de potassa?... Cal?... Azote?...
Tragam-nos merda pura, do bispote!
E todos os penicos portugueses
durante, pelo menos uns seis meses,
sobre o montado, sobre a terra campa,
continuamente nos despejem trampa!

Terras alentejanas, terras nuas;
desespero de arados e charruas,
quem as compra ou arrenda ou quem as herda
sente a paixão nostálgica da merda…

Precisamos de merda, senhor Soisa!...
E nunca precisámos de outra coisa.

Ah!... Merda grossa e fina! Merda boa
das inúteis retretes de Lisboa!...
Como é triste saber que todos vós
Andais cagando sem pensar em nós!

Se querem fomentar a agricultura
mandem vir muita gente com soltura.
Nós daremos o trigo em larga escala,
pois até nos faz conta a merda rala.

Venham todas as merdas à vontade,
não faremos questão da qualidade.
Formas normais ou formas esquisitas!
E, desde o cagalhão às caganitas,
desde a pequena poia à grande bosta,
de tudo o que vier, a gente gosta.

Precisamos de merda, senhor Soisa!...
E nunca precisámos de outra coisa.


Pela Junta Corporativa dos Sindicatos Reunidos, 
do Norte, Centro e Sul do Alentejo
Évora, 13 de Fevereiro de 1934

O Presidente,
D. Tancredo (O Lavrador)


NB:
Não ria muito... principalmente se já jantou há mais de 3 horas.

21 outubro 2022

Parabéns!... 21 de Outubro

A Luísa Abreu faz anos hoje.
Mil parabéns!... E os desejos de 
um belo dia de aniversário.
.
Maria Luísa Duarte Gomes Abreu

20 outubro 2022

A pintura de Graça Lagrifa...

  Foi Graça Lagrifa quem escreveu:

"Agradeço a @omkar.canavar a foto referência de uma entre milhares de crianças que deambulam pela gigantesca cidade de Bombaim Mombai. Estive lá três vezes, duas das quais já adulta. Foi uma cidade que muito me marcou. Observei o suficiente para poder incluir no meu grupo dos "Excluídos" a pintura que aqui deixo."
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...uma criança incluída nos "Excluídos"

19 outubro 2022

São quadras, meu bem... são quadras!...

Dizes, e eu creio, que Deus fez
As almas pares, aos casais.
Há também casais de três
E, às vezes, até de mais.

17 outubro 2022

Citações da Bíblia...

 ... in "Público"
em 12.10.1997
(Já lá vão 25 anos ...)
.

Citações da Bíblia por Paulo Moura no artigoQuem roubou o céu da Babilónia?”, na revista "Pública" que hoje saiu com o Público.

O Livro Sagrado
.

(Jeremias, 50,13):

Pela ira do Senhor ficará despovoada, e será convertida em solidão. Todo o que passar pela Babilónia se espantará com tamanha destruição, e sobre as suas ruínas gritará vaias e apupos!

(Isaías 13, 1-22):

Eles virão de terras distantes, dos confins dos céus, o Senhor e as armas da sua ira, para destruir o país. Tremei, pois o dia do Senhor está próximo. Chegará como uma onda de destruição do Todo-Poderoso. Todas as mãos amolecerão, o coração de cada homem derreterá.”

  Babilónia, a joia dos reinos, a glória e o orgulho dos babilónios, será destruída como Sodoma e Gomorra. Nunca mais será habitada, por todas as gerações. Nenhum árabe lá montará a sua tenda, nenhum pastor lá descansará os seus rebanhos. As criaturas do deserto instalar-se-ão na Babilónia. Chacais encherão as suas casas, onde habitarão as corujas, e onde as cabras selvagens saltarão. Hienas uivarão nos seus castelos, chacais nos seus palácios luxuosos. O seu tempo chegou ao fim e os seus dias não serão prolongados.”

O terror tomará conta de todos, a dor e a angústia cercá-los-ão, contorcer-se-ão como uma mulher em trabalhos de parto. Olharão uns para os outros com horror, os rostos em chamas. Vejam, o dia do Senhor está a chegar. Um dia cruel, de ira e ódio, que tornará a terra desolada e destruirá os pecadores que nela habitam.”

“O sol será escurecido, a lua apagar-se-á. As estrelas do céu e as constelações esconderão a sua luz.”

“Punirei o mundo pela sua maldade, os corruptos pelos seus pecados. Porei fim à arrogância dos insolentes e humilharei o orgulho dos impiedosos.(...)”

“Farei os céus tremer, e a Terra será abalada no seu lugar pela ira do Todo-Poderoso.

Quem for capturado será trespassado. Quem for apanhado cairá sob a espada. Os seus filhos serão feitos em pedaços perante os seus olhos. As suas casas serão saqueadas e as mulheres violadas.(...)

Vejam: aqui vem um homem numa quadriga puxada por cavalos. Ele traz a novidade: a Babilónia caiu. A Babilónia caiu. Todas as imagens dos seus deuses foram deitadas por terra.”
.
 E num “Destaque” do Público com o título “Sozinhas em casa, com os filhos”, Joana Ferreira da Costa e Rita Moura Oliveira iniciam o seu trabalho como se segue:

São quase sempre mulheres. Viúvas, solteiras ou divorciadas, têm em comum o facto de um dia se terem visto sozinhas com filhos para criar. Filhos que, muitas vezes, talvez a maior parte das vezes, não entendem nem aceitam a opção ou o comportamento dos seus pais. Ou que os culpam. Algumas dessas mulheres que ficaram sozinhas conseguiram ultrapassar o isolamento e as carências económicas. Mas a verdade é que em Portugal, as famílias monoparentais vivem com dificuldades e, muitas vezes, o dia de amanhã continua a ser uma incógnita.

São situações muito próximas de todos nós e que nos tocam de certa forma.