… no Diário de
Vasco Pulido Valente
no "Público" de
25 Janeiro 2020.
Vasco Pulido Valente
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No dia 18 de Janeiro, VPV escreveu no seu Diário:
"A Sra.Joacine Katar Moreira e o Sr.Rui Tavares tiveram a oportunidade de discutir longamente as suas divergências e as suas concordâncias sobre a política de um partido inexistente chamado Livre. Claro que a discussão demorou muito tempo, mas talvez as duas personagens se consolem com a ideia de que, teoricamente, podiam ter levado uma eternidade, A origem e as condições em que foi criado não prometiam nada de bom para o LIvre, De qualquer maneira, aquele pequeno bando de lumpen proletariat conseguiu fazer-se notado e (Deua sabe como) eleger a Sra.Joacine. A estúpida classe média portuguesa acha graça a estas fitas e para não votar vulgarmente no PS vota no LIvre. Tudo aquilo é um equívoco. O Livre não sabe o que é; e a média burguesia que vota nele também não. Não vale a pena comentar mais o caso".
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No dia 21 de Janeiro, VPV escreveu no seu Diário:
"Gostava de ver a lista dos hóspedes portugueses que Isabel dos Santos recebeu no seu apartamento de Monte Carlo. Seria com certeza muito consolador. Claro que ela era o casamento perfeito: uma noiva rica sem país, um país velho sem dinheiro."
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No dia 22 de Janeiro, VPV escreveu no seu Diário:
"Dizem agora muito mal de Isabel dos Santos, mas para mim ela é um génio: conseguiu entender-se no meio das baralhadas do dinheiro em que viveu toda a vida. O mal dela, como todos os parvenues, o de querer a respeitabilidade e a segurança.. Investiu muito dinheiro nessa obra. Sá não percebeu que a cada passo se tornava mais vulnerável e, portanto, mais fácil de apanhar,
Foi apanhada. Não lhe serviu de nada o apartamento em Monte Carlo, nem as colecções de arte, nem uma pose tardia de conspícua accionista do EuroBic e da Sonae. O centro da luta, como a origem da fortuna dela, sempre fora Luanda. Perdida em Luanda estava perdida em toda a parte."
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No dia 23 de Janeiro, VPV escreveu no seu Diário:
"A judicialização da política americana é completa. Começou com NIxon, continuou com Clinton e agora chegou a Trump. A Câmara dos Representantes percebeu que pode derrubar o Presidente quando ele não é do seu gosto. Claro que o Presidente tem de dar uma ajudinha. Nixon deu uma grande ajuda com as seus grupos de assaltantes e ladrões (ainda por cima incompetentes). Monica Lewinsky ia derrubando Clinton com a sua atenção à roupa que vestia para o encontrar. E agora Trump, com uns telefonemas indiscretos para a Ucrânia dos quais se tem tirado um espantoso partido. Não é que os presidentes americanos tenham tendência para degenerar; é que o sucesso das tentativas anteriores de impugnação entusiasma os senhores congressistas, mas, sobretudo, que os senhores congressistas têm um infalível aliado nos jornalistas da imprensa e da televisão. Não é por acaso que um dos convidados preferidos da CNN é o Sr.Carl Bernstein, quando não é John Dean, o grande herói do Watergate por ter delatado o que se passava na Casa Branca.
A mim estas coisas fazem-me bem, lembram-me os bons anos e o imbecil que eu era nessa altura."