Miguel Torga
escreveu no Algarve
em Agosto de 1975.
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Poente.
Sujou-se a luz da tarde,
A cal alveja, mas não alucina.
O mar é uma piscina
De calda bordalesa mal mexida.
Um charlatão ladra cansado à vida,
A vender restos de fascinação.
Morosa, a multidão
Recolhe em formigueiro da torreira
Apagada na carne sonolenta.
Um som de flauta, rouca e forasteira,
Não sei de que tristeza se lamenta.
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Miguel Torga
16 de Agosto de 1975
em Albufeira.
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