Padre Albano da Costa Vaz Pinto
Por essa altura, nós morávamos na rua das Constituintes (hoje, rua dos Peleteiros) mesmo em frente do "velho e degradado palacete" onde tinha a sua sede toda a Acção Católica. Ara ali que brincávamos e passavamos os nossos tempos desempenhando já "tarefas úteis", enquadrados por "rapazes mais velhos que já trabalhavam" e todos nós "enquadrados por um superior hierárquico", regra geral uma figura ligada à Igreja.
Mais frequentado pelos rapazes da JOC, aquele edifício albergava também os "Escuteiros de Castelo Branco" e tanto uns como outros dedicavam uma boa parte do seu tempo livre às actividades daquelas instituições. Lembro-me muito bem do Adrião, do Alberto Morcela, do Riscado, do João Nogueira e de outros mais... que marcaram bem aquela época na nossa cidade e serão recordados pelo enorme civismo com que desempenharam as diversas funções que foram chamados a desempenhar, durante as suas vidas. Se bem me recordo, o Padre Albano esteve ligado a estas instituições nos seus primeiros anos de sacerdote. Por aquela altura não teria ainda 30 anos.
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O Cónego Albano da Costa Vaz Pinto foi um estudioso nato. Obteve quatro licenciaturas e fez um doutoramento.
Foi Fundador e proprietário do Jornal Reconquista - 13 de Maio de 1945
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Albano da Costa Vaz Pinto nasceu a 21 de Novembro de 1913, em Póvoa de Rio de Moinhos tendo vindo a cursar Ciências Económicas e Sociais na École Pratique des Hautes–Études, na Sorbona, Paris. Terminou os seus estudos em 1935 e foi professor em Alcains e em Castelo Branco.
Foi pároco de S. João de Abrantes, professor do Seminário e do ensino técnico e liceal, em Castelo Branco, assistente diocesano da Acção Católica e assistente provincial da Mocidade Portuguesa.
Como Sacerdote, ao longo de 40 anos, foi um homem dedicado e com capacidade empreendedora, tenaz e empenhado nas obras que levou a cabo. Em 1948 foi transferido para Castelo de Vide, vila onde prestou relevantes serviços apostólico – comunitários, dos quais devemos destacar: a construção e fundação do Externato de Nossa Senhora da Penha, do qual foi o primeiro director, a fundação do jornal “Notícias da Minha Terra”, inúmeras obras de assistência social, tais como a construção de casas para pobres (relevando-se o Bairro de São Paulo) ou a assistência a pessoas idosas, o forte empenho na preservação do património artístico e religioso de Castelo de Vide, a promoção e realização do Congresso Nacional do Sagrado Coração de Jesus e a criação do Centro Diocesano Pastoral em Castelo de Vide
Albano Vaz Pinto deixou igualmente vasta obra publicada, da qual podemos destacar, “Reparação e Amor”, 1944; “Meditações da Acção Católica” (tradução e adaptação), 1º Vol em 1948, 2º Vol em 1958 e “Sonhar para Viver”, e ainda colaboração em Reconquista, semanário de Castelo Branco, do qual foi fundador e primeiro director, na "Lúmen", e no "Distrito de Portalegre".
Este sacerdote pedagogo e jornalista, faleceu a 25 de Fevereiro de 1976, após alguns anos de doença e de um episódio infeliz, um ano antes da sua morte, paradoxalmente num momento em que Castelo de Vide vivia a Semana Santa, tendo a agitação popular falado mais alto que o respeito devido à Instituição e ao homem que a servia e representava.
Da obra realizada, releva-se a construção do Colégio hoje Escola Garcia d’Orta, instituição responsável pela formação e instrução de diversas gerações de homens e mulheres castelo-videnses e da região.
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Sei agora que o Padre Albano foi mais uma vítima da "bandalheira" do post 4/74.
O "povão é quem mais ordena..."
Para que conste!...
4 comentários:
Grato à memória do padre Albano , junto-me na indignação quanto à forma por que foi tratado nos tempos de balda que se seguiram ao
golpe de Estado de Abril de 74. É o Povo quem mais ordena, mas nas urnas, não o povo que uns quantos quiseram manobrar e usar em proveito próprio seguindo o figurino já visto e odiado a leste.
Deram-se mal, que as traições são
sempre punidas.
Voltando ao padre Albano:não haverá na Cidade e no Concelho quem
possa e saiba honrar os antepassados conterrâneos pesquizando e escrvendo as vidas dos que "por obras emergiram dos seus pares" ?
Abraço e continua. Que assim também se constroi a memória do nosso povo na Beira.
OMMatos
O Sr. Cónego Albano deixou alguns livros em manuscrito. Por exemplo com a ajuda dos alunos do Colégio N. Sr.ª da Penha fez um levantamento sobre as festas religiosas em Castelo de Vide. Seria bom publicarem-se esses livros, nem que fosse em formato digital. Sobretudo o trabalho acerca das festas religiosas em Castelo de Vide seria interessante. Talvez o Sr. João de Castelo Branco pudesse ser um válido colaborador nesta sugestão, investigando se a família possui os trabalhos do Sr. Cónego Albano.
Obrigado
ERRE
Ex.mo Senhor
Não sei muito sobre o Cón Albano, a não ser algumas coisas que oiço contar por vezes em Castelo de Vide, terra que frequento.
Fiqueia a saber um pouco mais lendo o que escreveu e que agradeço, pois permitiu-se obtaer mais alguma informação que desconhecia sobre tão ilustre figura que foi - isso sabia-o - mal-tratado pelo "povão", em regra muito "progressista" e "democrata".
Obrigado.
Manuel Isaac Correia
O cónego Albano era meu tio avô!
Deixou na família com quem conviveu, lembro bem a casa dele que frequentei em pequena, muitas mágoas....
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