Marçal Grilo, Ex-Ministro da Educação diz que esta negociação já não é só sobre os professores.
Tem que ver "com o clima geral que se vive."
E exige "delicadeza política."
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"Estou preocupado com o movimento sindical. Há uma radicalização."
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"Os professores pedem respeito mas também têm de se dar ao respeito."
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O momento tem alguma delicadeza política. Nunca tinha visto greves como estas."
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"Se a greve se prolongar após o Carnaval, receio que os sindicatos percam o apoio da população."
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Na série de pergunta-resposta, orientada pela jornalista Andreia Sanches, destaco três momentos desta entrevista:
1ª - Mas não está preocupado com a escassez de professores? Como é que conseguimos cativar mais se não lhes dermos melhores condições, incluindo salariais?
- Não é só uma questão de condições. As escolas têm de ser boas. As lideranças das escolas têm de ser boas. E o corpo docente tem de ser coeso e o mais fixo possível. Depois é o projecto de escola. E depois temos de valorizar os cursos de formação de professores e ver como é que fizeram, por exemplo, os finlandeses para valorizar o curso de formação de professores, para o tornar atraente.. Os professores são absolutamente essenciais. Esta coisa de os professores pedirem respeito... Na verdade, nos inquéritos de opinião , estão sempre nos primeiros lugares. Cá em baixo estão os políticos.
2ª - Os professores já estiveram melhor, a imagem degradou-se. Sobretudo em Portugal.
- Temos de os pôr lá em cima! Agora também digo: os professores pedem respeito mas também têm de se dar ao respeito . Os pais, quando vêem alguns professores, com os chapelinhos ridículos na cabeça, a apitar com um apito na boca, a descerem a Avenida da Liberdade... isto não credibiliza muito os professores.
As pessoas que têm filhos nas escolas têm uma opinião muito pior. Têm a que lhes é dada pelos meios de comunicação, sobretudo pela televisões e pelas redes sociais. Podemos ter problemas graves, temos problemas de recuperação gravíssimos, temos problemas de falta de professores gravíssimos. Mas as escolas fazem trabalhos extraordinários, não são o caos."
3ª - Então temos professores que estão a radicalizar-se e um Governo que não é hábil a negociar?
- Não sei se não está a ser hábil, mas sinto que o momento tem alguma delicadeza política. Nunca tinha visto greves como estas, e o Governo, para readquirir a credibilidade que deve ter, porque tem uma maioria absoluta e três anos e meio pela frente, tem de pensar nisto em termos muito políticos. É perigoso que um movimento quase inorgânico tenha capacidade de mobilizar muitas pessoas em torno de objectivos que, se calhar, não vão ser satisfeitos.
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in "Público"
10.Fev.2023.
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