...quem o escreveu,
num texto publicado em
5 de Novembro de 2000,
no suplemento "Pública".
José Eduardo Agualusa
.
Do trabalho “Complexo de Peter
Pan” que hoje se publica na Pública, respigo alguns apontamentos que penso
terem sido feitos à medida...
“Está-se
jovem. É-se velho. Ou seja: depois de chegarmos a velhos, apenas nos resta a
certeza de que em breve seremos ainda mais velhos”
... e um
pouco mais adiante podemos ler:
“Na
juventude, por exemplo, tudo é transitório e o futuro, qualquer futuro,
inevitavelmente precário e mesmo, por vezes, assustador. O passado, pelo
contrário, costuma ser estável. A melhor coisa do passado é que está sempre lá,
belo ou terrível, e lá ficará para sempre (cacos espalhados pelo chão)” - (1)
“O
passado prospera à medida que o futuro diminui. Gostaria de ser historiador.
Diriam de mim, talvez: este tipo tem ainda um grande passado pela frente. E eu
seria feliz.”
E
mais além:
“No
meu caso é até pior: sinto que estou a mentir quando revelo a alguém a minha
idade. Não, não posso ter nascido há tantos anos... Na maior parte do tempo sou
ainda um menino...”
(...)
“Vem-me
à memória uma frase de um outro autor brasileiro, Rubem Braga, ao completar 50
anos:
“ Uma injustiça. Sem dúvida alguma. Logo comigo, que tinha tanta vocação
para ser rapaz... A vocação em mim não se extinguiu. Os meninos reconhecem-me e
riem-se. Sabem que sou um deles...”
Quase
no final, acrescenta em certa altura:
“...
e muitos pensam que Michael Jackson foi sempre branco. Bob Marley, a propósito,
morreu em 1981, aos 36 anos. Na altura, lembro-me bem, achei que ele já tinha
boa idade para morrer.”
Como é brutal ouvir um tipo proferir estas palavras!!
.
in. "Público"
05.11.2000
.
NB-1
Oh! Meu Deus...
Onde é que eu já ouvi isto?!...
(Uma tareia na alma...
Faz partir um coração
Há "cacos" por todo o lado...
Não há um "caco" no chão!...)
jj
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