El Greco
1677 – 79
O Espólio de Cristo
Na Catedral de Toledo Espanha (Sacristia)
O Espólio de Cristo é considerado por muitos autores a primeira "obra-prima" de El Greco, ousada por tratar de um tema raramente adoptado pela arte. El Greco representou Cristo ao centro, vestindo uma ampla túnica vermelha que apreende o olhar do espectador e, desta forma, destaca o personagem no meio à multidão que o cerca. A cor da túnica também tem um grande valor simbólico, na medida em que reafirma o martírio de Cristo. Como em outras obras do artista, existe aqui uma influência da arte Bizantina no alongamento das figuras, na barba bipartida de Cristo e na sensação de não incidência da gravidade na cena representada. O chão é ausente nesta composição, e se imaginarmos linhas a partir da organização dos elementos da imagem, o pé de Cristo actua como a ponta de um losango. Tudo isso instaura instabilidade e movimento à composição e intensifica o valor espiritual da cena. Considerando o contexto maneirista de El Greco, é visível a influência que teve da última fase da Obra de Miguel Ângelo, na qual o artista preservou a monumentalidade escultural das figuras e agregou a elas forte carga espiritual. O uso confiante das cores vivas, que vem definir o espaço e a dramaticidade da imagem, é influência directa de Tintoretto.Após a conclusão da obra houve uma disputa entre El Greco e seu patrono, o cónego da Catedral de Toledo, em relação ao preço do trabalho, o que resultou em sua depreciação económica. Este mesmo cónego teve relutância em aceitar alguns aspectos da obra que, ao seu ver, afrontavam os preceitos católicos da Contra Reforma como a inclusão das Três Marias no meio da multidão (observe o canto inferior esquerdo da obra), e o facto da cabeça de Cristo ter sido colocada abaixo de outras. El Greco recusou fazer qualquer alteração na obra, alegando que, depois de iniciada, seria impossível alterá-la. Este foi um dos motivos que contribuiu para o desligamento do artista dos patronos de Toledo.
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Act 30 01 2006
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