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25 junho 2011

Morreu Peter Falk...

O actor Peter Falk, que durante anos encarnou a personagem do "tenente Columbo”, morreu em Beverley Hills na quarta feira, dia 22 de Junho.
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O protagonista de uma das mais populares séries televisivas, apesar da sua aparência modesta e desastrada, escondia uma invulgar perspicácia e desvendava todos os homicídios
Essa aparência era ainda sublinhada por Columbo sempre invocar a autoridade da sua mulher em todas as conversas com os suspeitos, deixando invariavelmente a impressão de alguém com reduzida capacidade para fazer os seus próprios juízos. Mas, ao seu inquisitivo poder de observação nenhum detalhe escapava. E era sempre algum detalhe inesperado que, no final, acabava por trair um criminoso improvável.


Peter Falk.

Que melhor homenagem lhe podemos prestar do que transcrever as palavras que Miguel Esteves Cardoso lhe dedicou na sua "coluna" de hoje, no "Público?!...

"Porque é que a morte é sempre uma surpresa? É a única certeza mas não há maneira de nos habituarmos a ela. Morreu Peter Falk. Que tristeza. Porque não podia viver ele mais uns anos, o amado actor de Husbands e de outros grandes filmes mas - não nos armemos em bons, como também ele nunca se armava - sobretudo como o Inspector Columbo da primeira boa série de filmes para televisão, Columbo.

Era a inteligência de gabardina. Virava-se sempre, quando parecia que já se tinha despedido, para o insuspeito assassino e perguntava: "Só mais uma coisa..."

Peter Falk já não está vivo: é mais isto que nos incomoda, por não fazer sentido. Peter Falk, tal como no Husbands do amigo John Cassavetes, era tão bom actor que nos convenceu que era nosso amigo.

Parecia - e era - um compincha, um representante das nossas preocupações, uma lembrança e uma vitória viva das coisas que são importantes (a verdade, a justiça, a alma, a curiosidade) em relação às coisas que apenas parecem importantes (a mentira bem contada, o privilégio, a racionalidade e a presunção da ordem social).

Peter Falk era um saltimbanco geracional. É um dos poucos actores que foi tão apreciado pelos meus pais como quase certamente há-de ser pelos meus netos.É - continua e continuará a ser, muito mais do que foi - o underdog, o pequeno homem, o Zé-Ninguém. É triste já não podermos continuar a confundir o actor, a pessoa, com os personagens.

De quem temos saudades é da pessoa. Dele.

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