..."Elogio do vinho"
no "Público" desta manhã,
Pedro Garcias
escreve algumas "coisas" com muito humor...
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Chegando a sexagenários, e eu estou quase lá, passamos a dar mais importância aos relacionamentos e a valorizar cada vez mais as coisas boas, como beber um belo vinho na companhia dos amigos. Bate certo com Miguel Esteves Cardoso, por exemplo, a quem invejo a capacidade de escrever sabiamente sobre o que realmente interessa, sejam cerejas, sardinhas ou vinhos de Colares. Até a "Música triste" que sugere durante a semana na Antena 1 é alegre.
Depois li o texto de sábado de António Barreto no Público e entrei de novo em depressão. Na sua teoria, o que se passou no Ministério das Infra-Estruturas pode envolver "muito dinheiro, muitos interesses, enormes favores e imensas negociações". E tem "procedimentos" e uma "moral" semelhantes ao que se passa "na máfia, nos gangs de Nova Iorque, entre oligarcas de Moscovo, nas redes de tráfico de droga, no mercado do sexo e dos trabalhadores clandestinos, nos serviços de emigrantes, no comércio de armamento, nos arranha-céus de magnatas do petróleo ou nos resorts dos bilionários dos metais raros". Isto tudo? E os militares ainda não decretaram o recolher obrigatório?
Eu, na pureza da minha inocência, julgava que se tudo se resumia a uma cena de putos reguilas, parecida com as que tínhamos na escola.
- Mentiroso!
- Mentiroso és tu!
- Vou fazer queixa ao meu pai!
- E eu vou fazer ao meu, que é mais importante.
- O meu produz 100 pipas de vinho...
- E o meu produz 200 pipas de azeite e tem um trator e um jipe.
- Mas a minha mãe...
Depois vinha o professor, agarrava os dois pelas orelhas, dava-lhes um sermão e ditava a sentença:
duas semanas a limpar as latrinas da escola e cinco reguadas a cada um como começo do castigo. Ninguém se ficava a rir.
Isso era antigamente. Agora, já nem os fantasmas assustam a catraiada. Cavaco Silva, por exemplo, voltou a dar sinal de vida e ninguém fugiu. Irritou alguns tolos socialistas, mas o resto do povo foi ver o Sporting-Benfica."
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in. "Fugas"
no "Público" desta manhã.
27.Maio.2023
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