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23 fevereiro 2015

Os príncipes de Portugal...

...é o título de um livro da autoria de Aquilino Ribeiroescrito em 1952 e logo a seguir "desaparecido" do mercado.
No entanto, uma ou outra Livraria arriscavam a sua venda "por baixo do balcão" a pessoas da sua confiança...
Muitos destes livros, retirados do mercado pela Comissão de Censura ou mesmo pela "polícia política", furavam essas proibições e chegavam às mãos de algumas pessoas. Era geralmente nas minhas férias em Castelo Branco que eu adquiria alguns deles através do saudoso Amigo José Vidal Sestay, no também saudoso Stand Vidal.
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Editado em 1952
com ilustrações de Cândido Costa Pinto

As primeiras páginas deste livro contêm uma curiosa advertência aos leitores, da autoria de "Os Editores", sobre o modo com o autor aceitou e encarou o desafio de escrever um livro na âmbito da Colecção das Vidas Célebres e dos critérios escolhidos por Aquilino para a organização do livro.

Aquilino Ribeiro
pintado por Maluda
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"Advertência ao Leitor"
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No intuito de integrarmos Portugal na Colecção das Vidas Célebres com seus soberanos notáveis, políticos, navegadores, homens de letras e homens de ciência, recorremos àqueles nomes que nos pareceram mais indicados por seus méritos e justa fama. Um deles foi Mestre Aquilino Ribeiro, que aceitou o encargo de compor a vida duns tantos portugueses, príncipes, reinantes, ou apenas caudilhos, que deixaram na História mais do que uma passagem meteórica e a ilustraram de algum modo por actos individuais, dignos de aplauso ou vitupério, em suma, que bem mereceram a Pátria ou melhor fora não terem existido. O presente livro resultou desse entendimento. Agora vejamos... O critério dele foi o do romancista: interessava-lhe tudo o que não é comum. Para a História, de resto, não há apenas ouro, há também o oricalco. Não tem que considerar apenas a glória mas ainda as sombras salitrosas que a empapam. Arte ou ciência,  olha com o mesmo ar curioso santos e facínoras, contanto que tenham dado leis e conduzido homens ao cadafalso ou à prosperidade. A História é um juízo de Deus, antecipado por um critério humano, sequioso de acerto e de equidade.
Aquilino Ribeiro olhou para esses grandes de Portugal e pintou-os, como Velasquez fazia, com as tintas do arco-íris. Tais como eram. Melhor, tais como lhe pareceram. Sem deixarem de ser a obra do historiador, escreveu estes perfis o novelista.
Escreveu, escreveu, e ao fim de dez vidas tinha tomado mais espaço que o que lhe estava reservado. Haviam de ser vinte. E agora?
Agora, à tout seigneur toute honneur. Saem à parte as vidas dos grandes de Portugal por Mestre Aquilino com este título que lhes assenta como uma luva: Príncipes de Portugal, suas Grandezas e Misérias. Perderam-se para a colecção, mas aí vão singularmente elas, com seu carácter próprio, cor, pitoresco, novidade e verdade. Aquilino Ribeiro, todos o sabem, é um pesquisador de inédito. Vão encontrar neste livro muitas coisas curiosas, mal pressentidas, bosquejadas, confundidas até à data com outras, postas na sombra e nunca vistas nos compêndios que se dão aos meninos das escolas. Mas tudo -- garante-nos ele e nós por ele -- escrito com a exacção de um interprete de velhas escrituras, ajuramentado nos santos Evangelhos.
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Os Editores
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E foi assim... Uma vez editado o livro foi "excomungado" pela política então vigente e retirado da circulação, nas Livrarias... Só na "candonga" se podia adquirir!

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