A Ordem dos Médicos publicou um anúncio em alguns
jornais diários que não passa de um “insulto” a várias entidades, Ministro da
Saúde e Governo incluídos, e em especial à classe farmacêutica.
Já não é a primeira vez que o Presidente da dita
ordem utiliza este “caminho” para denegrir toda uma classe que é considerada
como a que melhores serviços presta em toda a União Europeia… Talvez qualquer
psicólogo consiga perceber a origem de tais ódios…
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O senhor bastonário
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Em título podemos ler no referido anúncio da OM:
“Os doentes estão a ser enganados
ao balcão das Farmácias”
… e logo a seguir:
“Até quando o Infarmed, o Ministro da Saúde, o Governo
e os Partidos Políticos da Assembleia da República vão permitir que os doentes
continuem a ser enganados e esbulhados ao balcão das farmácias, apenas para
aumentar o lucro dos farmacêuticos à custa dos doentes?!
.
Este texto, assinado por José Manuel Silva, Bastonário
da OM, é, no mínimo, nojento e “premeditadamente” enganoso, pois leva o leitor
a pensar que todo o universo farmacêutico age e actua daquela maneira… Ora, o
sr. Bastonário apresenta apenas um exemplo num universo de cerca de 2900 farmácias…
por onde passam diariamente milhares e milhares de receitas médicas…
.
Quando em 1951 frequentei o Liceu de Nun’ Álvares,
foi meu professor de Filosofia um mestre saudoso que nos ensinou a Lógica e nos
forneceu os meios de raciocinar melhor, para melhor compreendermos as coisas que
eventualmente nos fossem surgindo… Os silogismos, as proposições universais, as
proposições particulares, as proposições positivas e as negativas, as contrárias e as
contraditórias… E as matérias aprendidas na altura própria passam a fazer parte
de nós durante uma vida inteira.
Não sei se o Sr, José Manuel Silva “passou por aqui…”
mas sei que confunde “alhos com bugalhos”, uma vez que se permite generalizar a
toda uma classe um acto atribuído a um único possível infractor….
Com o Dr. Manuel Duque Vieira era chumbo pela certa,
senhor bastonário!
.
Creio que o problema do ódio que o senhor bastonário
tem pela Classe Farmacêutica e, agora também, pelo Ministro da Saúde e pelo
Governo, terá saído reforçado pela legislação que eles aprovaram e que acabou
com o poder discricionário que o médico tinha de impor o medicamento do Laboratório
A ou do Laboratório B, e que daria “maior conforto” a quem receitava… O Senhor
Ministro achou por bem “acabar com essa benesse”… o que eu acho meritório e
digno de aplauso. Ou seja, o poder de bloquear as receitas foi retirado aos
médicos, há já uns meses atrás e o Senhor bastonário ficou possesso…
Com grande alarde, “inventou” uma burla monumental… supostamente
cometida por uma única farmácia…
E não estou a desculpar ninguém!... Se alguém foi
acusado de prevaricar que se investigue e se castigue!... Agora, atirar assim cuspo
para o ar… cuidado senhor José Manuel Silva pois pode cair-lhe em cima…
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Já depois deste “apontamento”, chegou ao meu
conhecimento um outro texto, vindo da ANF, e que tem o título: “Prescrição e dispensa
de medicamentos.”
.
Em período de reformas, como é o actual, há sempre quem queira
fazer parte da solução e quem queira fazer parte do problema.
As farmácias querem fazer parte da solução.
Têm sofrido muito com algumas das reformas que lhes têm sido
impostas.
As farmácias estão em crise.
Mas, nem por isso abrandam o seu esforço na construção de soluções
que sejam boas para os doentes e para o País.
A prescrição por DCI é uma dessas reformas.
Chegou tarde, mas chegou, e os resultados são altamente positivos.
O mercado de genéricos cresce e a despesa reduz, beneficiando o
Estado e os doentes.
A quota de genéricos é já de 40% e tem ainda uma larga margem de
crescimento.
Para tal, tem contribuído a colaboração entre médicos e
farmacêuticos, entre instituições de saúde e farmácias, na aplicação da
legislação sobre a DCI.
Sem essa colaboração, o mercado de genéricos não cresceria
seguramente ao mesmo ritmo e os benefícios para os doentes demorariam mais
tempo a tornar-se efectivos.
Apesar destas evidências, continua a haver os sonhadores do
regresso à prescrição por marca comercial.
O senhor Bastonário da Ordem dos Médicos é o chefe de fila desse
grupo de resistentes, avessos à mudança.
Em desespero de causa, fez publicar hoje, sob a forma de
publicidade paga, um anúncio num jornal diário dando conta que uma farmácia
teria dispensado um medicamento mais caro que o prescrito pelo médico.
Como é sabido, são dispensadas por mês, em média, cinco milhões de
receitas.
Assim, aquilo que o senhor Bastonário quis transformar numa grave
acusação acabou por ser um elogio à qualidade da dispensa de milhões e milhões
de medicamentos por mês, pelas farmácias portuguesas.
A Saúde em Portugal está numa encruzilhada difícil.
Estamos todos no mesmo barco.
E não é um barco de cruzeiro, como alguns ainda pensam.
É um barco de trabalho, que, quer queiramos quer não, tem de
seguir em frente.
Numa viagem difícil que não permite sonhar, como alguns ainda
sonham, com o regresso ao passado.
É importante que as farmácias, apesar das imensas dificuldades que
atravessam, continuem a trabalhar, como estão a trabalhar actualmente, em
benefício dos doentes e em articulação responsável com os médicos e com as
instituições de saúde, em geral.
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