Um poema de
António Gedeão
Porta da traição
Quero encontrar-me com vocês
no desregrado convívio,
na balbúrdia dos cafés.
Nos altos bancos dos bares,
nos transportes colectivos,
nos recintos populares
Nos corredores dos cinemas,
nos inóspitos lugares
onde se mascam problemas.
Juventude, juventude!
Fogo de santelmo vivo
Num mastaréu de virtude..
Braços meus, cálices brancos,
aguardam corolas rubras
no declive dos barrancos.
Vinde, vinde, ó flor mimosa.
ó cavaleiro Galaaz,
que em dentes cerrados traz
a promessa de uma rosa.
Vinde ó fugaz claridade,
antes que a vida vos tome
e transforme a vossa fome
em “coisas da mocidade”.
.
António Gedeão
in. Teatro do Mundo/1958
Sem comentários:
Enviar um comentário