"O MAR, A AGRICULTURA E A INDÚSTRIA"
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Foi uma Amiga do Fb quem chamou a minha atenção ao escrever na sua página, o texto seguinte:
"Eu que quase nunca comento política aqui, não por estar alienada da realidade, mas porque prefiro fazer do Fb, um recanto de paz e divertimento, não posso deixar de partilhar o comentário da minha amiga T.L.
Parece estar senil... mas afinal sempre sabe sorrir!...
É certo que já não me devia acontecer, mas ainda consigo sentir
alguma perplexidade com algumas intervenções de figuras públicas.
O Presidente da República afirmou hoje, ao que
parece sem se rir, é um homem que talvez não saiba rir, que o país tem que
"ultrapassar estigmas" e voltar a olhar para sectores que esqueceu
nas últimas décadas, o mar, a agricultura e a indústria. .
Não, nós não "esquecemos" o mar, a agricultura e a
indústria. A nossa relação com estes sectores não foi de esquecimento foi de
destruição. E foram destruídos, ou quase, sob a responsabilidade das políticas
e modelos de desenvolvimento, de que Cavaco Silva foi um longo actor principal,
entre outros, naturalmente. Estes sectores de actividade foram quase destruídos
em nome de políticas que criteriosamente algumas décadas de centrão foram
executando.
À boleia da destruição da agricultura, pesca e indústria, da
betonização do país, de modelos de construção selvagem que destruíram cidades e
litoral, de uma oferta turística massificada e frequentemente sem qualidade,
hipotecámos o futuro.
É patético este exercício que muita gente que ocupou
responsabilidades políticas relevantes e durante períodos de tempo
significativos, procura fazer, colocando-se como espectadores distantes e
críticos do que foram as decisões políticas de que foram altos responsáveis e,
sobretudo, dos seus efeitos, por vezes devastadores.
O que é grave é que esta
cegueira intelectual e a atitude infantil e ingénua traduzida "eu não
estava lá", é frequente, não temos uma cultura de responsabilização das
lideranças, quer nas atitudes e discursos individuais em que podemos assumir
com humildade e seriedade o erro, a má decisão ou opção, quer em termos
colectivos, em que a memória parece curta insistindo em modelos, ideias e pessoas
que sendo parte do problema dificilmente podem ser parte da solução.
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By Zé Morgado
In blogue “Atenta
inquietude”
2012 11 21
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