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30 dezembro 2007

Impressão digital

Esta poesia de António Gedeão
foi editada em 1956, no primeiro
livro que publicou:
O Movimento Perpétuo

António Gedeão
numa foto da mesma década.
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Impressão digital

Os meus olhos são uns olhos
E é com esses olhos uns
que eu vejo no mundo escolhos
onde outros, com outros olhos,
não vêem escolhos nenhuns

Quem diz escolhos diz flores.
De tudo o mesmo se diz.
Onde uns vêem luto e dores,
uns outros descobrem cores
do mais famoso matiz.

Nas ruas ou nas estradas
onde passa tanta gente
uns vêem pedras pisadas,
mas outros, gnomos e fadas
num halo resplandecente.

Inútil seguir vizinhos,
querer ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos,
Onde Sancho vê moinhos
D. Quixote vê gigantes

Vê moinhos? São moinhos.
Vê gigantes? São gigantes.

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