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28 outubro 2020

A opinião de Guilherme Valente...

Há muito tempo que não lia nada deste Ensaísta
mas ontem dei com ele e com a sua "Opinião "
no "Jornal i ", sobre o tema que domina actualmente
todas as nossas preocupações.
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Chamou-me a atenção o título que escolheu... 
"A ministra que nos trata da saúde "

Guilherme Valente
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Vou deixar aqui todo o artigo que Guilherme Valente escreveu:.
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" Na SIC, Ricardo Araújo Pereira notou que a ministra não consegue fixar o número de telefone da Saúde 24 (escolhido para ser imediatamente decorado). Já tinha reparado nesse tipo de disfunções da senhora. Nos encontros com a comunicação social não lê, soletra. Soletra o mais banal que devia dizer de memória ou ocorrer-lhe na altura – disfunção que, se não fosse indicativa de outras mais graves, nem teria importância.

A 23/10, noticiou o Expresso, “voltou a avisar que os números vão continuar a subir e que as medidas terão, inevitavelmente, de ser reavaliadas”. Parece que os responsáveis somos nós! Mas é a própria.

Portugal precisa de uma ministra a sério, confiante, que aja, tivesse antevisto, soubesse o que andava a fazer, que animasse, desse espírito de resistência aos Portugueses, traga esperança!

É por isso que uma diretora-geral da Saúde com afirmações irresponsáveis não lhe faz sombra – que a máscara dá um falso sentimento de segurança, que só protege o outro! E agora que o seu uso terá de ser, finalmente, obrigatório, as senhoras não se demitem? Apontem-me um único inconveniente de usar máscara. Se logo que as houve tivessem sido impostas, não teria havido necessidade de confinamento e o país não fecharia.

Com que autoridade gente assim pode liderar e comandar este combate de morte?

A saúde é apenas um exemplo. O Governo é um aglomerado de “poucochinhos” (maneira elegante como o meu amigo João Lobo Antunes se referia aos medíocres). Com a exceção de AC e três ou quatro ministros. E um já saiu. Outro, o melhor, deve ansiar por sair.

É certo que vem sendo cada vez mais difícil o recrutamento, dado o deserto geral de qualidade que se verifica em todos os domínios da vida do país nas gerações com menos de 50 anos. Desde logo na política, efeito e causa. Compare-se com a minha e as anteriores gerações. Na literatura ou no jornalismo, por exemplo.

Mas, mesmo assim, ainda era possível escolher dez ministros a sério, que mais é impedir a eficácia do Governo e desbaratar o dinheiro de todos nós. Porque preferiu AC um Governo quase de faz-de-conta? Secretárias em vez de ministros? Claro que não estava à espera do que veio mas, mesmo assim, sinceramente não compreendo.

Proponho um exercício. Comparem-se os currículos dos atuais ministros com os dos Governos de Mário Soares, Marcello Caetano e Salazar. (Note-se que a inteligência, a cultura, a competência e a seriedade não são exclusivo da esquerda ou da direita).

A titulo de exemplo, transcrevo o currículo de Pedro Nuno Santos. Ministro das Infraestruturas e da Habitação. Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares no xxi Governo. Licenciado em Economia pelo ISEG-UTL, onde foi presidente da mesa da reunião geral de alunos. Integrou o grupo empresarial da família, Tecmacal. Secretário-geral da JS. Presidente da Federação de Aveiro do PS. Deputado na x e xi legislaturas. Vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS e coordenador dos deputados do PS na Comissão de Economia e na Comissão Parlamentar de Inquérito ao Caso BES (2015- 2019). Isto é, zero. Nem assumiu sequer a responsabilidade de gerir o orçamento de uma junta de freguesia, o que o honraria. E não anda a mentir sobre a segurança nos transportes?

E acrescento: responsável agora pela solução do complexo dossiê TAP, implicando o destino de milhões de euros dos portugueses – responsabilidade que assumiu com a frase profunda e elegante, a encher o país de confiança: Isto agora vai ser outra coisa!. Ver-se-á.

E por ser um posto tão relevante num Governo, transcrevo ainda o currículo de Mariana Vieira da Silva, ministra da Presidência, que substitui o PM nos seus impedimentos, nomeadamente presidindo às reuniões do CM (no Governo de Mário Soares, o MP foi... Henrique de Barros). Licenciada em Sociologia pelo ISCTE. Concluiu a parte curricular do doutoramento em Políticas Públicas na mesma instituição. Entre 2005 e 2009, assessora da ministra da Educação. Adjunta do secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro entre 2009 e 2011. Investigadora no Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do Instituto Universitário de Lisboa (CIES-IUL). Isto é, menos que zero.

Mas manda a justiça dizer que MVS tem dois méritos relativamente a PNS: é polida e não integrou a JS (no que as juventudes partidárias se tornaram).

Seja qual for a orientação política dos Governos, o abaixamento de qualidade tem sido crescente menos nos anteriores, extremo neste. Do atual Governo, fossem fascistas ou democratas, só dois ou três ministros poderiam ter integrado Governos de Salazar, Marcello Caetano ou Mário Soares.

Concluindo: não podemos surpreender-nos com o que está a ser o rumo da República, da democracia e do país. E do Partido Socialista. Não se pode fazer omeletas sem ovos. "
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in "Jornal i"
27-10-2020
Guilherme Valente.

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