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Por convite do António Quaresma Rosa assisti no passado dia 4 de Março, no Salão Nobre da Câmara Municipal de Setúbal a uma homenagem prestada a Luciano Santos, levada a feito pela Universidade Sénior de Setúbal - Uniseti com a colaboração do Centro de Estudos Bocageanos. A escolha do local não podia ter sido melhor... pois, como fundo, à figura dos oradores que por ali passaram, tivemos a possibilidade de repousar os olhos e admirar a obra magnífica com que o mestre Luciano revestiu a parede sul daquela preciosa sala de visitas da nossa cidade.
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Foi na sua reunião de 30 de Junho de 1952 que a Câmara Municipal de Setúbal, composta pelos srs. dr.Miguel Rodrigues Bastos (Presidente), Augusto César Lopes Pedrosa (Vice-Presidente) e Joaquim António de Carvalho e Oliveira, Dr.José Maria Cardoso Ferreira, Manuel Xavier Santos Jacob, Alberto Mendes, José Matias Narciso Ferreira de Freitas e Francisco Maria da Silva, vereadores, tomou a resolução, por proposta do seu Presidente, de confiar ao Pintor setubalense Luciano, a execução do Tríptico evocador de algumas das mais ilustres figuras de setubalenses de todos os tempos.
Sob a presidência de Sua Ex.ª o ministro da Educação Nacional, Senhor Professor
Doutor Francisco Leite Pinto
foi o mesmo Tríptico inaugurado no dia 9 de Janeiro de 1957. aniversário do nascimento da grande Cantora Luísa de Aguiar Todi, sendo a Câmara Municipal de Setúbal constituída pelos sr.: Dr. Jorge Carlos Botelho Moniz (Presidente), Dr.Manuel Seabra Carqueijeiro (Vice-presidente) e Dr. Eduardo da Costa Albarran. Afonso Henriques Rocha, Dr.Joaquim Arco, Eng. António Barroso, Joaquim Rodrigues Simões e Dr. Henrique Chancerelle de Machete, vereadores.
.Luciano Pereira dos Santos nasceu em Setúbal o dia 25 de Março de 1911.
Tendo ficado órfão ainda criança, foi recolhido e acarinhado pela Câmara Municipal que o educou, primeiro no Orfanato Municipal e que, mais tarde, permitiu que estudasse e fizesse o Liceu; mais tarde ainda se encarregou o Governo Civil de o auxiliar com o pagamento da frequência e da formação artística que obteve com o Curso de Pintura.
Na verdade, a vocação que desde muito novo evidenciou para as Artes Plásticas levou a que o Governador civil de então decidisse enviá-lo, como seu bolseiro, para a Escola de Belas Artes em Lisboa, a fim de fazer o curso de Pintura. Como aluno deste estabelecimento de ensino foi-lhe concedida a "Pensão Ventura Terra" e conquistou depois o "Prémio José Malhoa", atribuído pela primeira vez, em 1934.
Luciano Santos (auto-retrato)
Segundo nos relata o seu filho, Luciano António dos Santos, "no final do Curso de Pintura, foi numa Missão Estética de Férias para Alcobaça, com os colegas de curso e foi ali que conheceu a minha Mãe, que o acompanhou e apoiou sempre ao longo de toda a sua vida"
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Na verdade, em 1940, recebeu em sessão pública e solene, das mãos do Chefe do Estado, Marechal Carmona, o “Prémio Nacional” da 3ªMissão Estética de Férias, atribuído pelo Ministério da Educação Nacional.Exerceu o Ensino Técnico Profissional nas Escolas Industriais de João Vaz de Setúbal, Machado de Castro e Afonso Domingues de Lisboa..
Sobre Luciano, escreveu o Dr. Celestino Gomes:”A obra do pintor Luciano não precisa de explicação porque se explica a si própria: existe, colocada certa no tempo e no espaço.” Em finais da década de 50, dizia de Luciano o “brilhante crítico de arte Dr. Fernando Pamplona”: “Na figura, abalança-se ao retrato – e fá-lo com vigor e simplicidade que surpreendem. Não procura a elegância, sequer a graça, mas tão somente a nitidez e a fria análise. Obtém, por vezes, efeitos impressionantes, apesar da intencional dureza do modelado e dos contrastes.
(…) “Luciano soube descobrir e captar o carácter racial das mulheres da Nazaré, corajosas, rijas, afeitas às durezas da vida, às suas feras batalhas. Estão neste caso “Nazarena ” (Não sei a qual das "Nazarenas" se refere Fernando Pamplona, uma vez que existem duas peças com o mesmo nome... Tudo leve a crer que se trata da figura aqui representada sem cor.)
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A "Nazarena"
Óleo sobre cartão
Colecção particular
A "Nazarena" - 1946
Óleo
(Colecção particular o Exº Sr.Eng.Costa Alemão)
(Que pena não estar a cores)
No início desta sessão, realizada em 4 de Março, usou da palavra o António Quaresma Rosa que logo informou não ser possível ali estar presente o conferente convidado, sr.Luciano António Santos, filho do pintor, por motivos de saúde de alguma gravidade. Em seu lugar, encarregou-se de fazer algumas considerações com base num breve apontamento escrito por Luciano António, o Dr.Américo Pereira.
A intervenção do Dr.Américo Pereira
(numa foto de Simoes Silva)
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Outras obras de Luciano:
Praça de Bocage - 1952
Óleo sobre madeira
Museu de Setúbal - Convento de Jesus
Óleo sobre madeira
Museu de Setúbal - Convento de Jesus
Docas de Setúbal - 1970
Óleo sobre madeira
Colecção Particular
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A abrir a sessão, usou da palavra o Presidente da Direcção da Uniseti, Dr.Armando Sacramento que fez uma pequena introdução e agradeceu a presença de todos quantos ali estavam reunidos.
Colecção Particular
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No decorrer desta homenagem tiveram intervenções de muito mérito alguns dos convidados ali presentes.
A abrir a sessão, usou da palavra o Presidente da Direcção da Uniseti, Dr.Armando Sacramento que fez uma pequena introdução e agradeceu a presença de todos quantos ali estavam reunidos.
Falou em seguida o António Quaresma Rosa, colaborador do CIMM, um departamento da Uniseti, que se encarregou também de estabelecer e ordenar a participação de todos quantos quiseram contribuir para o brilho atingido na homenagem ao pintor Luciano.
António Quaresma Rosa
(numa foto de Simoes Silva)
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1.Em nome do Centro de Estudos Bocageanos, Daniel Pires agradeceu à Uniset e a António Quaresma Rosa o convite para estar presente nesta homenagem a Luciano Santos.
Dr.Daniel Pires,
do Centro de Estudos Bocageanos
(numa magnífica fotografia de António Claro)
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O Dr.Daniel Pires mencionou depois a ideia de preservar a memória de Setúbal quando em 2011 o CEB deu início à colecção “Clássicos de Setúbal”; aproveitou para mencionar o nome de algumas obras publicadas desde então, não esquecendo os autores das mesmas, nomeadamente Rogério Peres Claro e José Mateus Vilhena. Informou ainda que o Centro tinha decidido criar uma segunda colecção, a que deram o título “Clássicos de Setúbal de Bolso” que abre com a biografia de Luciano Santos, o pintor que ali se homenageava naquele momento.
2.Eng.Francisco de Paula Moniz Borba contou alguns episódios, um dos quais terminou com o pintor Luciano a almoçar em sua casa, a convite do Eng.João Borba, após uma intervenção do pintor na Capela do Corpo Santo. Recordações de infância mas que não esquecem.
A intervenção do Eng. Agr. Francisco Borba
(numa foto de Simoes Silva)
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3. António Santos fez uma intervenção a propósito da passagem de Luciano Santos pelo Orfanato Municipal de Setúbal, em paralelo com a experiência por que ele próprio passou uns anos mais tarde.
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António Santos aprendeu a ser tipógrafo
quando esteve no orfanato
(numa foto de Simoes Silva)
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No final, a Intervenção da poetiza Maria do Carmo Branco
Maria do Carmo Branco
recita Sebastião da Gama
(numa foto de Simoes Silva)
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