Recebi-o há dois dias e li-o com o interesse, sempre com muito interesse, com o interesse de quem espera encontrar por entre palavras tão sentidas (e mesmo nas entrelinhas) algumas "cenas" da juventude albicastrense de que ambos fomos parte nos anos cinquenta...
.
Tive algumas dúvidas na escolha do poema que apresento
mas acabei por "puxar a brasa à minha sardinha"... e
escolhi um poema integrado no primeiro conjunto de
poemas
I - DA VIDA/ DA MORTE
cujo título é deveras incomum:
.
Para uma bela jovem em fotografia
dos inícios do séc. XX
I
Afastada de mim,
sigo porém desejos
sem palavras
de aproximar dos
passos que deixaste
a via a percorrer
até redescobrir-te.
Inocente, absorvido
por incógnitas
nesse intuito de ver, de reviver
a tua face límpida de
mágoas,
retorno para trás o
coração
à espera de moldar o
existir
do perfil do teu corpo
longinquamente efémero
presente.
Por completo me
envolve
a incerteza – e nesse
afastamento
a perturbar a ânsia
dos meus gestos,
a divisar que és bem real ainda,
adivinhando que nas
tuas veias
circula o sangue a
latejar
e que os teus olhos vêem
o cintilar dos meus
e que uma luz faz
esfumar a névoa
que encarcerou o
tempo,
descortino talvez que
seja fácil
que os nossos dois
caminhos
se voltem a cruzar.
II
Ao meu canto repondes
com infinito silêncio
como se nenhum som
a ti chegasse quente,
tão quente que
perdido
esvaiu-se pelo ar
e tu sempre alheada
sem meios de o
ouvires.
Ó jovem mulher: curva
a mim tua cabeça:
este canto de puro
vem da tua pureza.
III
No lugar solitário
onde revivem
as lembranças
passadas e felizes
momentos em que os
sonhos se encontravam
é um lago a tristeza sem a água.
.
.
Vai um abraço, António Salvado.
Há dois dias que estou à espera do teu próximo...
Se não for antes... então que seja a minha prenda do Natal! Cá fico à espera.
.
04.03.2016
jjmatos
Há dois dias que estou à espera do teu próximo...
Se não for antes... então que seja a minha prenda do Natal! Cá fico à espera.
.
04.03.2016
jjmatos
Sem comentários:
Enviar um comentário