No Universo...
... só as crianças sabem do que andam à procura...
.- Olá, bom dia! - disse o principezinho.
- Olá, bom dia - disse o agulheiro.
- O que estás aqui a fazer? - perguntou o principezinho.
- Faço pacotes de passageiros. Cada pacote leva mil - disse o agulheiro. - Faço a expedição dos comboios que os transportam, uns para a direita, outros para a esquerda...
E um rápido iluminado, a rugir como um trovão, fez tremer a cabina do agulheiro.
- A pressa com que eles vão! - exclamou o principezinho. - Andam à procura de quê?
- Nem o próprio maquinista sabe - disse o agulheiro.
E passou outro rápido, a rugir, em sentido inverso.
- Já estão de volta? - perguntou o principezinho
- Não são os mesmos - respondeu o agulheiro. - É uma troca.
- Mas não estavam bem onde estavam?
- Nunca se está bem onde se está - disso o agulheiro.
E rugiu o trovão de outro rápido iluminado.
- Estes andam atrás dos outros? - perguntou o principezinho.
- Não, não andam atrás de nada. - disse o agulheiro. - Vão dentro do comboio a dormir ou então a abrir a boca. Só as crianças é que vão de nariz esborrachado nas janelas...
- Só as crianças sabem do que andam à procura - disse o principezinho. - São capazes de perder tempo com uma boneca de trapos que, por causa disso, passa a ser muito importante para elas. Se alguém lha tira, desatam a chorar...
- Que sorte têm as crianças! - disse o agulheiro.
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in "O Principezinho"
Antoine de Saint-Exupéry
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Que sorte têm as crianças...
- "...e porque é que deixam os agulheiros andar à solta"?!...
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