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28 setembro 2015

No fundo do saco antiguidades...

.. numa crónica de Vasco Pulido Valente
na sua habitual coluna de "Opinião" 
na última página do Público de Domingo à qual deu o título de 
"Há milagres?"
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Vasco Pulido Valente
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O espectáculo da campanha já não se aguenta. Não deve haver ninguém em Portugal inteiro que não esteja farto de abraços, de frases, de jantares e dessa inovação que se destina a caçar à má-fé o cidadão desprevenido e que se chama “arruada”. Nenhum dos políticos que por aí se mostram diz nada que possa remotamente interessar ao país. Só varia o tom.
Passos Coelho exibe a sua voz doce com uma inacreditável paciência. Costa passou do estilo Messias para uma agressividade crescente e crescentemente disparatada. Esta semana foi buscar o BPN e o negócio dos submarinos (que tem 20 anos). Por que não os crimes de Calígula ou os pecados de Salazar? Ele grita, ele ameaça, ele promete e até dá pulinhos de entusiasmo como um índio para convocar o espírito da guerra.
Entretanto, caso muito estranho, as conferências de peritos na televisão discutem ardorosamente as razões por que ele vai perder. Estão a pôr as barbas de molho? Acreditam mesmo que percebem Costa e o seu bando? O próprio Costa acredita ou dá a impressão de acreditar. Um dia declara que não tenciona aprovar o orçamento da coligação (que ele, de resto, não conhece). No dia seguinte, anuncia que impedirá um eventual governo da direita, porque ele é o único homem capaz de criar um consenso nacional e garantir a estabilidade. Não se sabe se trouxe estas manias da Câmara de Lisboa ou se o ataque de nervos foi recente. Mas muita gente abre a boca de espanto com estas novas pretensões do homem que dividiu o PS e laboriosamente se afastou da esquerda radical com um grosso programa, que dez sábios lhe fabricaram por amor.
Seja como for, os seus fiéis lamentam que ele, a última esperança antes do desastre, ande tão sozinho. Os novos “barões” do partido (que o país nunca viu) aparecem pouco e não se recomendam. Os velhos ficam em casa. E foi preciso ir buscar ao fundo do saco antiguidades como Basílio Horta, que dois terços dos portugueses julgam que viveu na 1ª dinastia. E, no entanto, o PS persiste em transportar de autocarro a grande “base” do partido, para eleger o taumaturgo que irá resolver os problemas da Pátria com a facilidade com que o CSI descobre o assassino. É facto que ele não explica como e que não se vê no PS nenhuma tendência para o salvar das feras. Mas, de quando em quando, há milagres.
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