... um poema a que Pedro Homem de Melo
deu o título de "Amostra sem valor".
.
António Gedeão
.
Amostra
sem valor
.
Eu
sei que o meu desespero não interessa a ninguém
Cada
um tem o seu, pessoal e intransmissível;
com
ele se entretém
e
se julga intangível .
.
Eu
sei que a Humanidade é mais gente do que eu,
sei
que o mundo é maior do que o bairro onde habito.
que
o respirar de um só, mesmo que seja o meu,
não
pesa num total que tende para o infinito.
.
Eu
sei que as dimensões impiedosas da Vida
ignoram
todo o homem, dissolvem-no e, contudo,
nesta
insignificância gratuita e desvalida,
Universo
sou eu, com nebulosas e tudo.
.
António
Gedeão
In.
“Máquina de Fogo”
1961
Sem comentários:
Enviar um comentário