15/09/1996
"...Segui o meu rumo.
Fui romântico, revolucionário, e acabei
neste burguês céptico, pançudo e inconformado. Neste Agosto regressei à ilha como quem regressa às
raízes. Levei na bagagem os dois
livrinhos de Pavese, à procura desses
verões que já não existem. Encontrei apenas saudade de um tempo perdido. Pavese desistiu de viver
em Agosto de 1950. Quarenta anos depois,
percebo-o finalmente quando escreveu: "Nada é mais inabitável que o lugar
onde se foi feliz. Compreendo a razão
por que Doro (o herói do
"Verão") um belo dia tomou
o comboio para regressar às
colinas (da sua juventude) e no dia
seguinte regressou ao seu destino."Que se cumpram os nossos outonos."
Este texto foi retirado da Crónica"Férias de Verão"que Ricardo França Jardim escreveu no "Público" de hoje, dia de Bocage e dia dos anos da Monicazinha, da Flor do
Campo. É tão verdade o que ficou escrito!...A frustração que se sente ao regressarmos aos sítios de uma infância
feliz e descuidada e constatarmos a falta de quem connosco compartilhava as
coisas comuns e que nos eram queridas... A crueldade que sentimos ao depararmos
com ambientes que repousam para
sempre no fundo da nossa mais profunda memória, completamente alterados ou, para sempre, desaparecidos... em nome dos progressos...
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