D.João Maria Pereira d'Amaral e Pimentel.
natural da mesma villa. - 1881
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Para que perdure ao longo de todos os tempos a história de um povo e do berço que o viu nascer, a Câmara Municipal de Oleiros,
homenageando o autor, dedica a reedição
"Memórias da Vila de Oleiros e do seu Concelho"
a todos os seus Munícipes.
Janeiro de 1995.
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A
RIBEIRA de que fizemos já menção, e banha pelo lado sul as terras adjacentes à
Villa, é neste sítio muito aprasivel: Corre ella perenne em todo o anno por
entra árvores que, debruçadas em muitos sítios sobre as aguas, e movidas pelo
vento parecem querer beija-las. Muitos rouxinoes, outras aves atrahidas pela frescura e
amenidade do sítio, celebrão ali dia e noute com seus cânticos estes belos
cantos da natureza, fazendo-lhes o murmúrio da corrente harmonioso
acompanhamento.
As
margens são d’um e outro lado cobertas com vistoso tapete de relva, matizado de
lindas flores; e um passeio delicioso, só pelos encantos da natureza, sem
auxílio algum da arte segue essas margens dum lado ou outro da ribeira e em
alguns sítios de ambos elles, na extensão de três kilómetros, desde os moinhos
da Lameira até à foz do Ribeiro do peso.
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A
Ribeira, posto que não é caudalosa, conserva todo o anno agua sufficiente para
sustentar e proteger muito peixe; porque, alem dos poços naturaes, próprios de
differente profundidade de seu leito, os açudes dos Moinhos da Lameira e da
Tojeira são dois longos e profundos tanques em que podem conservar-se por todo
o anno toda a quantidade de peixe d’agoa doce.
Com
effeito em nosso tempo continha a Ribeira muitas bogas e bordalos, muitos
barbos e truta, sendo alguns peixes d’estas ultimas espécies de peso d’um e
dois kilogrammas. Continha também muitas e soborosissimas irozes, superiores em
gosto a tudo o que há ‘n este género. E todo o outro peixe, em razão da
frialdade da agoa, é muito mais gostoso que o do rio Zêzere, onde se pescão
barbos de mais de dez kilogrammas.
Era
porem em nosso tempo para lamentar que não houvesse policia alguma com relação
à Ribeira; de modo que a cada passo se fazião pescas, envenenando-se os peixes,
já com coca, já com raiz de uma herva venenosa, conhecida pelo nome de budele, e até chegavão a envenenar as
aguas com cal! Deste modo extinguindo-se as novas gerações, em breve se acabará
com as diferentes qualidades de peixe; como tem acontecido em maiores ribeiras.
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Também
Nos consta que as árvores que orlavão d’um lado e outro a Ribeira teem sido
derrotadas em grande parte, É outro negocio sobre que a Autoridade pública deve
tomar providencias; porque o arvoredo, alem de embellezar, e de ser mui
conveniente para a saúde publica, protege as margens fluviaes das ruínas que
causão as grandes enchentes.
Para
que a todos os respeitos seja apreciável esta Ribeira, até traz grãos d’ouro
entre suas areias, como notou já Fr. Lucas de St.ª Catharina; apparecendo de
tempos a tempos pessoas desconhecidas a escolhel-os; o que por vezes Nos
constou no tempo que residíamos em Oleiros.
Era
porem, e é ainda para lamentar que suas aguas sejão tão pouco aproveitadas; pois
que, alem da Quinta do Sr.Dr.
Francisco d’Albuquerque Mesquita e Castro, e dos Moinhos da Lameira e Tojeira,
ninguém mais d’ellas se aproveita na Villa; tendo ficado baldados os esforços
de Joaquim Farinha Folga, para com elas regar os Chãos da Ponte, como já
notámos.
A
Ribeira tem uma única ponte de madeira com tres vãos, em sítio aprazível, a
qual bem merecia ser de pedra.
...e a ponte, já "de pedra", veio a ser construída no início do século passado.
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Cfr.
Pgs 175 a
177.
1 comentário:
Gostei. Abraço.OMMatos
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