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Eugénio de Andrade
Retrato de Luís Durdil 1941
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Ao Eduardo Lourenço
Na flor da sua idade
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Era bonita mas tão provinciana
a cidade. Dos seus muros pasmados
a luz fina caía perigosa
nas areias do rio. Mas o resto
era vulgaridade e sonolência.
Só as árvores não eram vulgares:
de tão formosas, tornavam o céu
de cristal, como se o verão fora
imortal entre plátanos e choupos.
Ali nos encontrámos certo dia,
éramos jovens e mais jovem que nós
era a poesia que nos acompanhava.
Hölderlin. Keats, Pessanha e o Pessoa
eram então – e não o serão ainda? –
os nossos amigos. O mais, gente ideias
costumes, tudo tinha o mesmo cheiro
de caserna aliada a sacristia.
Dessa cidade em nós nada ficou.
De nós, que ficará nessa cidade?
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21.10.83
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in. "Homenagens e outros epitáfios"
Antologia Breve
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