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20 dezembro 2012

Mulher negra...


...um Poema de Léopold Sédar Senghor
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MULHER NEGRA
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Mulher nua, mulher negra.
Vestida de tua cor que é vida, de tua forma que é beleza!
Cresci à tua sombra; a doçura de tuas mãos acariciou os meus olhos.
E eis que, no auge do verão, em pleno Sul, eu te descubro,
Terra prometida, do cimo de alto desfiladeiro calcinado,
E tua beleza me atinge em pleno coração como o golpe certeiro
De uma águia.


Fêmea nua, fêmea escura.

Fruto sazonado de carne vigorosa, êxtase escuro de vinho negro,
Boca que faz lírica a minha boca
Savana de horizontes puros, savana que freme com
As caricias ardentes do vento Leste.
Tam-tam escultural, tenso tambor que murmura sob os dedos
Do vencedor.
Tua voz grave de contralto é o canto espiritual da Amada.


Fêmea nua, fêmea negra,

Lençol de óleo que nenhum sopro enruga, óleo calmo nos flancos do atleta,
Nos flancos dos príncipes do Mali
Gazela de adornos celestes, as pérolas são estrelas sobre
À noite da tua pele.
Delícia do espírito, as cintilações de ouro sobre tua pele que ondula
À sombra de tua cabeleira. Dissipa-se minha angústia,
Ante o sol dos teus olhos.


Mulher nua, fêmea negra,

Eu te canto a beleza passageira para fixá-la eternamente,
Antes que o zelo do destino te reduza a cinza para
Alimentar as raízes da vida.
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          (Tradução de Guilherme de Souza Castro)
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Léopold Sédar Senghor 

político e escritor Senegalês, foi Presidente da República do Senegal entre 1960 e 1980. Foi um ideólogo do conceito de "negritude".
Senghor faleceu em 20 de Dezembro de 2001. Faz hoje 11 anos... 

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