Na sua "coluna" de Opinião, no "Público"
Vasco Pulido Valente
volta hoje a criticar o primeiro-ministro
Vasco Pulido Valente
…
O discurso oficial de Passos Coelho foi uma incomodativa sucessão de banalidades, com o tropo obrigatório de que
vêm aí dias felizes. Como ele, de resto, já garantiu 20 vezes, sem efeito visível.
Ir repetir agora, e a despropósito, a mesma conversa, em que ninguém já
acredita, não parece de uma pessoa inteligente. Mas pior do que isso, o
primeiro-ministro imaginou que chegaria mais perto e mais depressa ao seu
querido povo pelo Facebook. E não esteve com meias-medidas: serviu aos
portugueses que se deram ao trabalho de o ler, 14 linhas de uma prosa lamecha e
repugnante, que trivializa e degrada os problemas do país
Partindo
do género “O estadista em família”, Passos Coelho (por um momento reduzido a “Pedro”)
julga talvez que esta familiaridade hipócrita e mendaz lhe abrirá o coração dos
portugueses.
Não
abre: entrar pela casa de uma pessoa, já preocupada com as desgraças que dia a
dia se acumulam, para lhes falar do “orgulho dos sacrifícios” e das “decisões
difíceis” que ele, coitadinho, está a tomar, excede o tolerável. Como excede o
tolerável vir agora lembrar o futuro radioso da familória, que provavelmente se
não juntou e, se por acaso se juntou, não perdeu um minuto em começar a guerra
verbal, que hoje o primeiro-ministro, mesmo disfarçado de “Pedro”,
inevitavelmente provoca. Quer ele queira, quer não queira, não é um cidadão
comum e o cargo que transitoriamente ocupa traz consigo o dever de uma certa dignidade. Em geral, os
portugueses não se distinguem por um particular respeito pelos governos. Mas
devo observar ao primeiro-ministro Pedro que a raiva e o azedume com que vêem
este não se compara com nenhum outro desde 1976. Que ele pense antes de abrir a
boca e que se prepare com alguns técnicos competentes, só lhe faria bem.
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