Afinal os velhos são mesmo trapos.
Na
coluna “Opinião”
De
Vasco Pulido Valente
In.
Público – 22 12 2012
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Vasco Pulido Valente
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Tenho
71 anos. Começo por isto para que se saiba de que lado estou na presente polémica
sobre a “contribuição extraordinária de solidariedade” que o Governo tenciona
impor aos reformados da função pública, com o tradicional propósito de tapar um
“buraco” qualquer.
Embora
ele não fosse o único responsável do desastre, há muitas razões nesta
particular matéria para condenar Pedro Passos Coelho, um primeiro-ministro
incoerente, hesitante e com uma grande trapalhada na sua pobre e pequena
cabeça. Há, antes de mais nada, uma razão moral: Passos Coelho escolheu a parte
mais fraca e indefesa da sociedade para suportar os custos de uma política que
iria fatalmente acabar mal, como toda a gente o preveniu. Abusar dos fracos não
é com certeza o acto de um homem estimável.
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O primeiro-ministro atacou os mais fracos...
... e isso é cobardia!
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Depois
da brutalidade vem a hipocrisia.
Porquê
pedir “solidariedade” aos velhos, que mal se mexem, e a mais ninguém?
Será que
os velhos carregam culpas que os mais novos não carregam? A culpa das desordens
de 1960-1970, a culpa do PREC, a culpa da famosa “dissolução da família”, a
culpa de uma vida de luxo e de prazer ou máxima culpa de falência do Estado
democrático?
Ou devem os velhos pagar um tributo adicional aos novos só por
serem velhos?
Também
a mentira de que a contribuição “extraordinária” agora sugada sem aviso não
engana nenhum português maior e vacinado: a contribuição acabará por se tornar “ordinária”
e ficará firme até à bancarrota final.
O dr. Passos Coelho, ou quem manda nele,
nem sequer pensou em arranjar uma linguagem menos jesuíta para retirar o
conforto e a segurança à maioria dos velhos.
Domingo
passado, o autor destas tropelias andou por Penela e pela RTP – Porto a
justificar o injustificável. O argumento dele é – acreditem - o de que as “pensões” dos “queixosos” não
correspondem ao “valor dos descontos que fizeram”. Muito bem: admitamos, por
hipótese, que o homem teve um sobressalto lúcido e, por uma vez, disse a
verdade. Mas mesmo assim não se lembrou de dois pontos fundamentais. Por um
lado, o de que os “fundos de pensões”, sensatamente administrados, são como um
grande banco de que se espera um contínuo crescimento do capital e dos
rendimentos. Por outro, o de que uma considerável minoria não teve de facto uma
“carreira contributiva”, mas porque não existia na altura, nem trabalho, nem um
estado social que lhe exigisse e aceitasse um “desconto”.
O
dr. Passos Coelho precisava de uma certa dose de juízo.
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NB - Um foi para Paris e espera ansioso que nos esqueçamos dele... Bem pode tirar o cavalinho da chuva se está à espera disso! O que ficou quer, à força toda, que não nos esqueçamos dele... mas da pior maneira!!...
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