Vasco Pulido Valente
“A firma Jerónimo Martins (mercearias finas) merece todo o respeito e consideração. Primeiro, porque antigamente comprou azeite a Herculano. Segundo, porque ajuda hoje a divulgar o interessantíssimo pensamento de António Barreto que, por enquanto, não vende azeite.
Mas, de repente, Portugal inteiro resolveu vociferar contra a Jerónimo Martins. O Parlamento, a televisão, os jornais, já para não falar num ou outro “indignado” em transe, berram a sua justiceira fúria. Por que razão? Porque a Jerónimo Martins, muito lógica e prudentemente, resolveu transferir a sede social da sua holding para a Holanda, como, de resto, antes dela, 19 grupos dos vinte maiores do PSI-20: a PT, por exemplo, a Galp, a Mota-Engil e o BES, contra os quais não se ouviu à época qualquer murmúrio.
Agora, não. Esse acto medonho foi classificado de ilegítimo, imoral, intolerável e até, algumas vezes, de traição à pátria.
(…) Escusado será dizer (ou repetir) que a operação da Jerónimo Martins é permitida em Portugal e na “Europa”. E que na Holanda, para onde se mudou, tem vantagens fiscais, crédito e previsibilidade que não tem em Portugal e não terá pelos tempos mais próximos.
(…) Claro que a polémica sobre a Jerónimo Martins provocou, como era inevitável, a costumada retórica sobre a diferença entre os “pequenos” que sofrem e os “grandes” que aproveitam, entre os que arranjam sempre maneira de fugir e os que nunca podem escapar à dureza das coisas.
(…) Não ocorreu a ninguém que (apesar do azeite de Herculano e do dr.Barreto) a Jerónimo Martins não é uma organização de beneficência e que o seu dever é fortalecer a sua posição e aumentar os seus lucros. Se ela falisse, ou enfraquecesse, haveria com certeza uma enorme choradeira e a “inteligência” indígena voltava a lamentar a falta de empresários .
Agora, não. Esse acto medonho foi classificado de ilegítimo, imoral, intolerável e até, algumas vezes, de traição à pátria.
(…) Escusado será dizer (ou repetir) que a operação da Jerónimo Martins é permitida em Portugal e na “Europa”. E que na Holanda, para onde se mudou, tem vantagens fiscais, crédito e previsibilidade que não tem em Portugal e não terá pelos tempos mais próximos.
(…) Claro que a polémica sobre a Jerónimo Martins provocou, como era inevitável, a costumada retórica sobre a diferença entre os “pequenos” que sofrem e os “grandes” que aproveitam, entre os que arranjam sempre maneira de fugir e os que nunca podem escapar à dureza das coisas.
(…) Não ocorreu a ninguém que (apesar do azeite de Herculano e do dr.Barreto) a Jerónimo Martins não é uma organização de beneficência e que o seu dever é fortalecer a sua posição e aumentar os seus lucros. Se ela falisse, ou enfraquecesse, haveria com certeza uma enorme choradeira e a “inteligência” indígena voltava a lamentar a falta de empresários .
Como não falta, serve por aí de bode expiatório.”
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