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30 outubro 2007

Quem morava em Castelo Branco...

Na década de 40, quem morava na Praça Velha?...
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No nº1 - r/c , era a loja de solas do Sr.Cândido Costa, no cunhal da rua de Santa Maria com a rua dos Cavaleiros.

No nº2 - r/c, era a oficina do Sr.Selé marceneiro, situado já no edifício do Solar do Dr. Mota

No nº4 - era a residência da Família Mota que ocupava todo o 1ºandar e o resto do primeiro
piso não ocupado pela oficina de marceneiro.

O palacete dos Motas vendo-se a seguir a porta que foi da loja das solas


No nº 6 - morava a Sr. Salavessa que era funcionário dos CTT e pai da Maria José e da Maria Emília Salavessa. Ocupavam o 1º e o 2º andares. É uma casa que faz esquina com a rua Nova e está actualmente num estado de degradação muito acentuado.

À esquerda a casa das "Salavessas" e, em frente, a casa do Dr.Roque

No nº9 - por cima do Arco do Bispo, viveu em 1940, a Família Nunes Roque que ocupava todos os pisos do edifício. O Dr. Roque foi durante algum tempo (anos?) professor no Instituto de Santo António, numa altura em que aquele Colégio era dirigido pelo o Dr. Vitor Santos Pinto, antes da sua ida para Coimbra.
O Dr. (Manfredo?) Nunes Roque vivia com a esposa, D. Maria Luisa e com os três
filhos, o mais velho Júlio, a Maria Luisa e a Mariazinha que era a mais nova. Saíram de Castelo Branco para regressar à região de Aveiro de onde eram originários. Se bem me lembro eram da aldeia de Barrô.

No nº12 – Vivia a Família Tavares e creio que ainda lá vive um dos descendentes, o Henrique Tavares. Ocupavam os dois pisos, r/c e
1º andar

A rua dos Ferreiros com a casa dos Tavares, à esquerda e a Loja do Sr. João Rosa à direita. A 1ªporta à direita é já do Sr. Monteiro.

No nº 13 - r/c, já no enfiamento da rua dos Ferreiros, havia a loja do Sr.João Rosa, uma mercearia “abastada” ( Não devemos esquecer que estávamos em plena 2ªGuerra, na Europa e uns anos antes, terminara a Guerra de Espanha; em toda esta zona da cidade de Castelo Branco havia muitos refugiados espanhóis a viverem abaixo da "linha de água"...) onde o azeite e o petróleo eram medidos numa máquina de manivela e embolo em que, prèviamente se marcava a quantidade desejada… Lembro muito bem dos grandes sacos de grão, de milho e das muitas qualidades de feijão que o Sr. João Rosa ali conseguia ter. Havia ainda uns recipientes-armários próprios para conter as farinhas, alvas de trigo e amarelas de milho: eram retiradas as quantidades desejadas com uma espécie de pá abaulada, para dentro dos cartuchos que o Sr.João Rosa fornecia ou dos taleigos que muitas clientes traziam já de casa...

Lembro-me também das várias medidas em madeira que se mergulhavam nos sacos para retirar os cereais e do rolo de madeira com o qual se rasava a medida… Vendiam-se ali, também, as barras de sabão que vinham em caixotes e eram cortadas com uma faca, à medida que se desejava, sendo depois pesada.
E, a propósito de facas… não posso agora esquecer a faca guilhotina própria para cortar o bacalhau que o Sr. João Rosa também conseguia arranjar naquela altura de crise e ali vendia. Estávamos na altura das senhas do racionamento...

No nº 13 – 1º, por cima da mercearia, viveu, durante muito tempo, o sr.Morão que tinha uma ourivesaria no Largo da Sé e trabalhava com o irmão Alberto, um homem baixote que lhe sobreviveu bastante tempo, e que eu não me lembro de ter visto alguma vez mal disposto! Jogava muito bem o bilhar...
Recordo bem a D. Carolina Morão e a filha Raquel, que era a mais velha das duas que tinham.
Uns anos mais tarde. o prédio onde viviam transformou-se num Lar Feminino da Mocidade Portuguesa onde se fizeram algumas serenatas inesquecíveis.

No nº15, na casa que já faz esquina com a rua do Relógio, morava o Sr.Monteiro que eu sempre conheci já velho... Vivia no
primeiro andar com duas senhoras que, creio, eram suas filhas. A loja da r/c de que ele era o proprietário, já não sei o que vendia… Só me lembro que era lá que nós íamos comprar os rebuçados que traziam os “bonecos da colecção” que vinham numa grande caixa de lata, cúbica, e na qual só metia o “mais custoso” (que era uma figura em papel igual a todas as outras mas que tinha um carimbo nas costas que o identificava como único…) quando a caixa estava quase no fim! Nunca me saiu como prémio, a bola de futebol tão ambicionada…

O prédio seguinte era a Cadeia que a partir de 1950 (?) serviu de Biblioteca.

Nesta altura já não era Cadeia... (17.05.2006)

Para fechar o circuito, falta referir o Celeiro da Casa Abrunhosa (?) no local onde é hoje o Restaurante “Praça Velha”

O Restaurante que já foi Celeiro (foto de 17.05.2006)

1 comentário:

Fernando Riscado Cordas disse...

Maravilhosas lembranças que me ajudam nos passeios mentais pela minha infância. Muito obrigado!