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26 março 2023

Um mercador de Bagdade ...

num "apontamento" 
escrito em 
18.Nov.2000
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Jeffrey Archer
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Esta noite iniciei a leitura do Jeffrey ArcherQuem conta um conto...” que comprei em Castelo Branco. É uma colectânea de contos...a primeira que é publicada pela Europa América, muito embora o autor afirme que se trata já do quarto livro de contos que ele publica.

        Fiquei incomodamente impressionado com o primeiro conto que Archer escolheu para iniciar esta colectânea. Chama-se “Fala a Morte” e o que mais me incomodou foi a sensação nítida de que alguém, há muito pouco tempo, me tinha referido o teor do mesmo conto.

        "Um mercador de Bagdade enviou o seu criado ao mercado comprar provisões. Passado algum tempo, o criado voltou, pálido e a tremer, e disse:

        --Meu amo, quando eu estava no mercado, no meio da multidão, houve uma mulher que me empurrou e, quando me virei, vi que quem me empurrou foi a Morte. Ela olhou para mim e fez um gesto de ameaça. Por favor, empreste-me o seu cavalo para eu poder fugir da cidade e evitar o meu destino. Irei para Samarra e, ali, a Morte não me encontrará.

        O mercador emprestou-lhe o cavalo, e o criado montou-o, cravou-lhe as esporas e afastou-se à maior velocidade que o cavalo conseguia galopar.

        Pouco depois, o mercador foi até ao mercado e, quando viu a Morte no meio da multidão, dirigiu-se a ela e perguntou:

        --Por que é que fizeste um gesto de ameaça ao meu criado quando o viste esta manhã?

      --Não foi um gesto da ameaça – respondeu ela --, foi simplesmente de surpresa. Fiquei espantada de o ver em Bagdade, pois tenho um encontro com ele esta noite em Samarra."

        É uma história terrível...para quem se considera um fatalista militante como eu! Diz o autor que “nas minhas viagens à volta do globo, sempre à procura de um esboço literário que tenha vida próprio, encontrei Fala a Morte, que me comoveu tanto que coloquei esta história no início do livro”
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Setúbal, em 18Nov.2000

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