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14 março 2023

É urgente...

 ... um compromisso
intergeracional.
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É o título do 
Editorial
do "Jornal i"
desta manhã.
da autoria do
jornalista
Mário Ramires.
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Mário Ramires
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Portugal nunca teve tantos hospitais, tantos médicos, tantos profissionais de saúde, mas os serviços, de urgência e todos os outros, estão cada vez mais à beira da rutura. Da natalidade aos cuidados continuados e paliativos. Já para não falar no que se passa país fora com a falta de qualidade da assistência aos mais idosos.

Ai pobres das crianças que andam há meses a pagar as greves dos profissionais da Educação. Depois de dois anos de pandemia com Ensino à distância, aí está mais um ano perdido com as guerras entre um Governo com um ministro surdo e sindicatos com lideranças histéricas. Entre um Estado que tira o que não pode e não dá o que pode e professores e auxiliares que, num rol de legítimas reivindicações, reclamam o respeito a que não se dão, desde logo por descurarem a educação dos discentes e se esquecerem do exemplo a que deviam sentir-se obrigados pela disciplina, pela correção, pela boas práticas - pois têm toda a razão de queixa dos comportamentos (tantas vezes insanos) dos alunos nas escolas -, quem perde é o país, assim mais uma vez adiado.

E o que se passa na Educação, passa-se na Justiça, com dezenas de milhares de diligências sucessivamente remarcadas, como se a morosidade dos tribunais e demais instituições relacionadas já não fosse suficientemente penalizadora de quem deles está dependente. Ao ponto de não podermos falar verdadeiramente de Justiça - ou de uma Justiça justa - tão mau e a destempo é o seu funcionamento.

Como é assim na Habitação, em que as propostas totalmente inconstitucionais de governantes que aliam a inexperiência à insensatez - faz confusão ouvir uma jovem ministra e um pós-adolescente secretário de Estado despejarem um argumentário sem fazerem a mínima ideia dos disparates que dizem - já começam a motivar contrapropostas que só podem ter-se como brincadeiras de mau gosto, de tão alucinadas (para não dizer criminosas) como as que já vão sendo avançadas por alguns opinadores da nossa praça (v.g. João Duque no Jornal das 2 da SIC-N neste sábado).

E a Saúde? Nem se fala!!! Portugal nunca teve tantos hospitais, tantos médicos, tantos profissionais de saúde, mas os serviços, de urgência e todos os outros, estão cada vez mais à beira da rutura. Da natalidade aos cuidados continuados e paliativos. Já para não falar no que se passa país fora com a falta de qualidade da assistência aos mais idosos.

Com tanto dinheiro a vir da Europa (entre PRR e outros fundos), Portugal tem uma oportunidade única para restaurar a esperança.

Há que atalhar caminho, urgentemente, antes que seja tarde e a oportunidade volte, uma vez mais, a perder-se. O Estado chamou a si as funções essenciais na Educação, na Justiça, na Habitação, na Saúde… E está a falhar clamorosamente em todas elas. Não vale a pena insistir no erro.

Um país em envelhecimento acelerado não pode não investir na natalidade e na educação, não criar oportunidades para os seus jovens, continuar a asfixiar os seus trabalhadores e os seus empreendedores, não ter uma justiça atuante e capaz de responder às demandas da sociedade e da economia, não ter como cuidar dos doentes e muito menos descurar os seus mais velhos.

Sem esse compromisso intergeracional que faça renascer a esperança, não há ‘bazuca’ que nos valha. Apenas um Estado apodrecido, sem presente digno nem futuro.
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in. "Jornal i"
14.03.2023

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