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12 abril 2022

O Jorge Zambujo...

Nos finais de Maio de 2009, recebi um e-mail do Jorge Zambujo.
Fazia há pouco 52 anos que ele por aqui tinha andado… E andou por pouco tempo, sim… mas foram quase dois anos que lhe deixaram recordações e saudades.
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“ Caro Dr. Matos
Não fui seu aluno. Frequentei o Liceu Nacional de Setúbal no ano lectivo de 1957/58 e parte de 58/59.
Acabava de chegar do Liceu de Nova Lisboa que iniciara a actividade no ano lectivo de 56/57 onde tudo ainda era improvisado…cheguei a ter 2 professores por período para a mesma disciplina.
Adorei a minha passagem por Setúbal e ainda tenho saudades da passagem pelo seu Liceu, que apesar do pouco tempo que o frequentei, me deixou grandes marcas, muito especialmente do seu Reitor, Dr. Mendonça e Costa que entre outras memórias que poderei partilhar consigo, me lembro da oferta que fez a todos os alunos, num dia de seu aniversário, o IF (SE) tradução de Mayer Garção.
Agradeço a possibilidade que nos dá de partilharmos as suas memórias pois se recordar é viver, sempre vamos vivendo mais um pouco.
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Aquele Abraço reconhecido
Jorge Zambujo.
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Apressei-me a responder escrevendo algumas palavras de circunstância…
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Caro Jorge Zambujo

De facto não foi meu aluno mas… podia ter sido se por cá tem ficado mais um ano ou dois anos.
Acabei por ser professor, em 1959/60, de muitos dos seus colegas que por cá continuaram como alunos e de quem provavelmente terá apenas uma ideia remota.
Envio-lhe o nome de todos os seus colegas de turma que nesse ano, já tão distante, compartilharam consigo as “agruras” do sistema de ensino…
Tomara eu que esses tempos pudessem voltar…
Também guardo marcas profundas do Reitor Dr. José Mendonça e Costa, professor da minha área pedagógica e a quem devo muito do que fui como professor.
Envia-lhe um abraço
O professor
jjmatos.
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O Zambujo voltou a contactar comigo. Uma mensagem deliciosa que não resisto a publicar aqui.
Poucos alunos se devem lembrar dele já que foi diminuto o tempo que passou aqui no Liceu. E, no entanto, o Jorge Zambujo parece ter retido na sua memória muitos dos alunos e muitas das “estórias” vividas por eles naquele já longínquo ano de 1958/59…
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“Caro Professor 
Quero agradecer-lhe o envio da pauta daquela turma do 2º ano do Liceu de 58/59. Apesar do tempo, ainda me recordo de alguns dos colegas:
O Belmiro Carvalheda a quem eu, aos Domingos, ajudava a distribuir palha aos cavalos que se destinavam a abastecer o talho que o pai tinha no mercado do Livramento.
O Mário Baltazar com quem joguei à bola numa travessa perpendicular à Praça do Bocage e próxima da CMS. Julgo que eram dele uns versos com o título “Sou Um Rapaz Valente”.
O Roosevelt que nos espantava a todos com a velocidade da sua corrida, apesar do seu peso. Era um campeão nos primeiros 30 metros, só que precisava de mais 20 para parar.
Rui Chora que um dia me tirou o exemplar do jornal do Liceu “O Alvorada”. Após grande corrida  apanhei-o no campo de Basquete onde iniciámos uma cena de pugilismo que nem nas coboiadas se via igual. Azar o nosso, estávamos sozinhos e  como não apareceu ninguém para nos separar, aquilo foi até cair cada um para o seu lado…
A Madalena Serra,  morava para os lados da Praça de Touros, para além de ser a “bonequinha” daquela turma, pelo que vi recentemente no seu blogue, teima em continuar a ser bonita…”
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E, mais adiante, o Jorge Zambujo acrescentava:

“Com esta turma passou-se o seguinte:
O saudoso Dr. Calado foi  professor desta turma e contrariamente ao que era habitual nele, acabou por ter que alterar a data de um ponto, pois o sector feminino teve acesso aos enunciados do mesmo.
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Após grandes protestos das meninas, o Dr. Calado disse que isso de terem tido acesso aos pontos não era problema e só alterava a data porque não tinha a certeza de que todos nós teríamos tido acesso aos enunciados.  Como prova do que estava a dizer, nós iríamos receber na próxima aula os enunciados dos pontos que iríamos fazer oito dias depois.
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Durante uns dias não se falava noutra coisa no Liceu, o Dr. Calado iria distribuir um ponto aos “gajinhos” para levarem para casa…
Na aula seguinte lá estava o Dr. Calado, como prometera, a distribuir o enunciado do novo ponto, só que o mesmo tinha apenas 64 problemas…
De novo se ouvia por todo o Liceu que o Dr. Calado tinha dado um ponto aos “gajinhos” com 64 perguntas, era a matéria toda…
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No dia do ponto lá estávamos nós a protestar que não havia tempo para resolver tantos problemas. O Dr. Calado lá nos acalmou dizendo que apenas podíamos responder a 4 problemas, só que entretanto mandou-nos alterar os valores de cada problema.
Resultado:  ao todo 4 positivas. Lembro-me que eu e o Belmiro fomos contemplados com um 11 cada um, o que foi uma sorte…
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Noutra altura voltou a perguntar-nos se queríamos levar de novo o ponto para casa. Em coro, saiu um NNNÃÃÃO…
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Estou certo que nenhum dos meus antigos colegas que aqui referi  se deve lembrar de mim, mas deste episódio já será possível.
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Caro Professor Aquele Abraço
Jorge Zambujo

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