Nos finais de
Maio de 2009, recebi um e-mail do Jorge Zambujo.
Fazia há pouco 52 anos que ele por aqui tinha andado… E andou por pouco tempo, sim… mas foram quase
dois anos que lhe deixaram recordações e saudades.
.
“ Caro Dr.
Matos
Não fui seu
aluno. Frequentei o Liceu Nacional de Setúbal no ano lectivo de 1957/58 e parte
de 58/59.
Acabava de
chegar do Liceu de Nova Lisboa que iniciara a actividade no ano lectivo de
56/57 onde tudo ainda era improvisado…cheguei a ter 2 professores por período
para a mesma disciplina.
Adorei a
minha passagem por Setúbal e ainda tenho saudades da passagem pelo seu Liceu,
que apesar do pouco tempo que o frequentei, me deixou grandes marcas, muito
especialmente do seu Reitor, Dr. Mendonça e Costa que entre outras memórias que
poderei partilhar consigo, me lembro da oferta que fez a todos os alunos, num
dia de seu aniversário, o IF (SE) tradução de Mayer Garção.
Agradeço a
possibilidade que nos dá de partilharmos as suas memórias pois se recordar é
viver, sempre vamos vivendo mais um pouco.
.
Aquele
Abraço reconhecido
Jorge
Zambujo.
...
Apressei-me
a responder escrevendo algumas palavras de circunstância…
.
“Caro Jorge Zambujo
De facto não foi meu aluno mas… podia ter sido se por cá tem ficado
mais um ano ou dois anos.
Acabei por ser professor, em 1959/60, de muitos dos seus colegas
que por cá continuaram como alunos e de quem provavelmente terá apenas uma
ideia remota.
Envio-lhe o nome de todos os seus colegas de turma que nesse ano,
já tão distante, compartilharam consigo as “agruras” do sistema de ensino…
Tomara eu que esses tempos pudessem voltar…
Também guardo marcas profundas do Reitor Dr. José Mendonça e Costa,
professor da minha área pedagógica e a quem devo muito do que fui como
professor.
Envia-lhe um abraço
O professor
jjmatos.
.
O Zambujo
voltou a contactar comigo. Uma mensagem deliciosa que não resisto a publicar
aqui.
Poucos
alunos se devem lembrar dele já que foi diminuto o tempo que passou aqui no
Liceu. E, no entanto, o Jorge Zambujo parece ter retido na sua memória muitos
dos alunos e muitas das “estórias” vividas por eles naquele já longínquo ano de
1958/59…
.
“Caro
Professor
Quero
agradecer-lhe o envio da pauta daquela turma do 2º ano do Liceu de 58/59.
Apesar do tempo, ainda me recordo de alguns dos colegas:
O Belmiro
Carvalheda a quem eu, aos Domingos, ajudava a distribuir palha aos cavalos que
se destinavam a abastecer o talho que o pai tinha no mercado do Livramento.
O Mário
Baltazar com quem joguei à bola numa travessa perpendicular à Praça do Bocage e
próxima da CMS. Julgo que eram dele uns versos com o título “Sou Um Rapaz
Valente”.
O Roosevelt
que nos espantava a todos com a velocidade da sua corrida, apesar do seu peso.
Era um campeão nos primeiros 30 metros, só que precisava de mais 20 para parar.
Rui Chora
que um dia me tirou o exemplar do jornal do Liceu “O Alvorada”. Após grande
corrida apanhei-o no campo de Basquete onde iniciámos uma cena de
pugilismo que nem nas coboiadas se via igual. Azar o nosso, estávamos sozinhos
e como não apareceu ninguém para nos separar, aquilo foi até cair cada um
para o seu lado…
A Madalena
Serra, morava para os lados da Praça de Touros, para além de ser a
“bonequinha” daquela turma, pelo que vi recentemente no seu blogue, teima em
continuar a ser bonita…”
.
E, mais
adiante, o Jorge Zambujo acrescentava:
“Com esta
turma passou-se o seguinte:
O saudoso
Dr. Calado foi professor desta turma e contrariamente ao que era habitual
nele, acabou por ter que alterar a data de um ponto, pois o sector feminino
teve acesso aos enunciados do mesmo.
.
Após grandes
protestos das meninas, o Dr. Calado disse que isso de terem tido acesso aos
pontos não era problema e só alterava a data porque não tinha a certeza de que
todos nós teríamos tido acesso aos enunciados. Como prova do que estava a
dizer, nós iríamos receber na próxima aula os enunciados dos pontos que iríamos
fazer oito dias depois.
.
Durante uns
dias não se falava noutra coisa no Liceu, o Dr. Calado iria distribuir um ponto
aos “gajinhos” para levarem para casa…
Na aula
seguinte lá estava o Dr. Calado, como prometera, a distribuir o enunciado do
novo ponto, só que o mesmo tinha apenas 64 problemas…
De novo se
ouvia por todo o Liceu que o Dr. Calado tinha dado um ponto aos “gajinhos” com
64 perguntas, era a matéria toda…
.
No dia do
ponto lá estávamos nós a protestar que não havia tempo para resolver tantos
problemas. O Dr. Calado lá nos acalmou dizendo que apenas podíamos responder a
4 problemas, só que entretanto mandou-nos alterar os valores de cada problema.
Resultado:
ao todo 4 positivas. Lembro-me que eu e o Belmiro fomos contemplados com
um 11 cada um, o que foi uma sorte…
.
Noutra
altura voltou a perguntar-nos se queríamos levar de novo o ponto para casa. Em
coro, saiu um NNNÃÃÃO…
.
Estou certo
que nenhum dos meus antigos colegas que aqui referi se deve lembrar de
mim, mas deste episódio já será possível.
.
Caro
Professor Aquele Abraço
Jorge
Zambujo
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