Miguel Torga
escreveu em Coimbra,
em 7 de Março de 1970
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Miguel Torga
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Nesga humana de um grande mapa humano,
Aqui, a ocidente a ao sol, dormito;
O manto do infinito
Veste-me a pequenez;
E o mar cerúleo, aberto à minha ilharga,
Alarga
O meu nirvana azul de português.
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Rei que renunciou, cansado,
Ao ceptro da aflição,
Digo não,
Digo sim,
Com igual abandono...
Tão distante de mim
Como do trono...
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Vivi antes da hora o que vivi.
E, agora, vegeto,
Feliz de nada ser,
De nada desejar,
E de nada sentir,
Agradecido ao mar de nunca me acordar,
E agradecido ao céu de sempre me cobrir.
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Miguel Torga
in, "Diário". Vol. XI
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