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22 agosto 2019

O editorial do "i"...

... de ontem, 
21.08.2019
da autoria de 
Vitor Raínho:
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Vitor Raínho
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Temos de reconhecer que vivemos num país bem divertido. O Partido Socialista perdeu nas urnas, mas conseguiu formar uma geringonça que aguentou o Executivo sem sobressaltos durante quatro anos – se esquecermos a novela de Costa quando ameaçou demitir-se se as reivindicações dos professores fossem aprovadas, obrigando a direita a fazer marcha-atrás até hoje, já que nunca mais se reencontrou depois dessa aliança com o PCP e o BE. Uma armadilha genial de António Costa.

O Governo de Passos Coelho, que tomou posse logo após as eleições, não durou muito tempo, como sabemos, e Costa avançou com a geringonça
para lutar contra a austeridade e contra as políticas de direita. Quatro anos depois, percebe-se perfeitamente que o primeiro-ministro é um magnífico bailarino que tanto dança à esquerda como à direita, embora nos últimos tempos só lhe tenha dado para ser o líder da direita. Como assim? As requisições civis e os serviços mínimos decretados na greve dos motoristas e, agora, na Ryanair alguma vez foram uma bandeira da esquerda? Estar ao lado dos patrões contra os trabalhadores não era considerado de direita?

A explicação do Executivo para ter determinado os serviços mínimos na companhia aérea irlandesa é genial:
“Para evitar o aglomerado de passageiros nos aeroportos nacionais durante esta época, dado que tal pode potenciar riscos de segurança de pessoas e bens”.

Garcia Pereira e outros não têm grandes dúvidas. “O Governo está a destruir o direito à greve”.
Quem diria que a geringonça se ia caracterizar pelo maior ataque aos direitos dos trabalhadores de que há memória em democracia?

Alguém consegue imaginar o que seria de Passos Coelho se tivesse alguma vez pensado em fazer algo semelhante? Fascista seria o mínimo que ouviria. Mas António Costa sabe muito bem que estas greves não têm o apoio da população e, como tal, nada melhor do que deixá-las viajar sem esse incómodo. 

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