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05 agosto 2019

Eles foram professores do Liceu...


José Silveira Ávila
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Foi professor contratado de Canto Coral com auto de posse assinado em 3 de Outubro de 1956. Foi um bom regente do Orfeão do Liceu e deixou gratas saudades nos seus alunos quando foi colocado no Liceu Camões, em Lisboa.
Quando em 1960,cheguei ao Liceu de Setúbal, falava-se ainda muito, com muito carinho e alguma saudade, no professor de Canto Coral Padre Ávila que dirigia naquela época o sector da música no Liceu Camões em Lisboa. O então Reitor do nosso Liceu, José de Mendonça e Costa dedicava muito carinho ao Orfeão Maior, do nosso Liceu e não descansou enquanto não promoveu um encontro entre os dois grupos corais depois de contactos feitos com o Reitor do Liceu Camões, Joaquim Sérvulo Correia. Entre os maestros houve também encontros preparatórios. Pelo Liceu Camões interferia o professor Ávila que há poucos anos deixara o nosso Liceu. Pelo Liceu Nacional de Setúbal respondia um “Senhor” que dava pelo nome de Ascenso José Vitor Maria de Todos os Bens de Siqueira e era Conde de S.Martinho. Uma excelente criatura, este nosso professor foi, quanto a mim, o primeiro responsável pela categoria imensa que alcançou o Orfeão Maior do Liceu de Setúbal, nos anos que se lhe seguiram. Todos gostavam dele pelo aprumo, pela educação e pela maneira como tratava os seus cantores, pela maneira como tratava toda a gente… Era um “Ai! Jesus” para todas as meninas que cantavam no Orfeão.
Acertadas as contas, feitos os ensaios, os grupos corais dos dois liceus “defrontaram-se” por duas vezes: uma no Ginásio do Liceu Camões onde todas as semanas, aos sábados decorriam os espectáculos do “Serão para trabalhadores” e um outro em Setúbal, no Ginásio do Liceu.
Após a sua saída do Liceu, uns anos mais tarde, em 21 de Maio de 1960, o jornal “Setubalense” fazia uma referência a este Maestro:
“Confraternização escolar
De visita ao Liceu de Setúbal chegaram a esta cidade os componentes do Orfeão Maior do Liceu Camões, de Lisboa, sob a direcção do reverendo Padre Ávila, muito conhecido no nosso meio onde foi também Professor Liceal.
Acompanharam aquele agrupamento coral, o respectivo Reitor (Dr. Joaquim Sérvulo Correia) e Professores.
Às 15h 30m, houve uma audição em que tomaram parte os Orfeões dos Liceus de Setúbal e de Lisboa, tendo sido trocadas saudações entre os Reitores, Professores e Alunos de ambos os estabelecimentos de ensino. No final realizou-se um animado baile, que está a decorrer, e constitui mais um motivo de confraternização escolar.”

A Estatueta de Camões oferecida
pelo Reitor Joaquim Sérvulo Correia
ao Reitor José de Mendonça e Costa
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A placa metálica na base da estatueta.

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Assisti a esta festa, no primeiro ano lectivo que passei no Liceu de Setúbal, não porque tivesse conhecido, em pessoa, ou fosse amigo do maestro Padre Ávila que apenas conhecia pela fama que aqui deixou no Liceu, mas antes porque já não via há muito tempo o Dr. Joaquim Sérvulo Correia, meu reitor quando frequentei o Liceu de Nun'Álvares, em Castelo Branco. Falei com ele na cerimónia de recepção que o Reitor Mendonça e Costa tinha preparado com o maior cuidado e fiquei surpreendido com ele quando dei conta que me tratava pelo nome e perguntava pelo meu Pai e pela minha Mãe como se não tivessem passado, desde então, mais de dez anos sobre a sua saída da cidade de Castelo Branco.
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O Pe. José Silveira de Ávila, nasceu na Silveira (Lages do Pico – Açores), em 9 de Outubro de 1895. Depois de frequentar o Seminário de Angra, celebrou a Missa Nova, em 4 de Julho de 1920, em S. Bartolomeu da Silveira e a seguir foi colocado como Prefeito do Seminário e Professor de Música. Organizou o Orfeão de Angra, que teve grande êxito nas suas actuações em Angra e em Ponta Delgada. Em Angra, fundou os Escuteiros católicos e foi também professor de Música do Liceu. Depois transferiu-se para Lisboa e foi professor de Música no Nacional de Setúbal e no Liceu Camões. Faleceu na freguesia de N.ª Senhora de Fátima, em 4 de Dezembro de 1977.

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