"Há dias"
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Eugénio de Andrade
(com o traço de Artur Bual - 1990)
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Há dias
Há dias em que julgamos
que todo o lixo do mundo nos cai
em cima. Depois
ao chegarmos à varanda avistamos
as crianças correndo no molhe
enquanto cantam.
Não lhes sei o nome. Uma
ou outra parece-se comigo.
Quero eu dizer: com o que fui
quando cheguei a ser
luminosa presença da graça,
ou da alegria
Um sorriso abre-se então
num verão antigo
E dura, dura ainda.
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in "Os lugares do lume" - 1998
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