um conhecido de há alguns anos que tem por costume
apresentar as suas "reclamações" em "Cartas à Directora".
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Em dado momento, podemos ler naquele artigo de fundo:
"Pergunta um leitor, numa carta que hoje publicamos, se não podemos ser "um pouco Samira" em lugar de sermos apenas "todos Charlie". Podemos e devemos. Samira Seleh Al-Niaimi, advogada em Mossul e defensora dos direitos humanos, foi torturada e executada no norte do Iraque pelos esbirros do autodenominado "Estado Islâmico"..
E foi assim que dei comigo a ler, de novo, uma carta de Carlos J. F. Sampaio à Directora do Público
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O autor deste artigo que transcrevo das "Cartas à Directora" no "Público, é um regular colaborador nesta coluna do jornal que leio quase sempre com muito agrado.
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"Desculpem-me por destoar, mas já me está a custar ver tantos "Somos todos Charlie". Não porque de forma alguma tolere ou relativize a importância da barbárie de Paris. Simplesmente porque morreram 12 pessoas, enquanto o mesmo mal mata dezenas ou centenas por dia no Médio Oriente, quase sem reacção da opinião pública.
Faz-me lembrar o ébola. Enquanto morriam, e continuam a morrer, apenas em África, não é notícia. Um ou dois casos próximos e não se fala de outra coisa. Há menos de um mês, quem quisesse podia ler que 150 mulheres foram executadas em Fallujah, apenas por se recusarem a casar com combatentes de Estado Islâmico. É só estar atento e procurar. São centenas de corpos encontrados em valas comuns "de vez em quando", muitas vezes; são milhares de mortos acumulados e, para quem não reage muito a estatísticas, um nome e um rosto: Samira Saleh Al-Nuaimi. Advogada em Mossul, defensora dos direitos humanos e em especial das mulheres. Foi presa em Setembro e condenada por apostasia, apenas por ter tido a coragem de continuar a agir na defesa dos seus princípios, que também são os da humanidade.
Após ter sido torturada durante cinco dias, foi executada publicamente. É apenas uma. Mas pouca gente ou ninguém "também é Samira".
Samira em árabe significa "boa companhia", mas um nome, no fundo, pouco vale."
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Carlos J. F. Sampaio
Esposende
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